Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 032

Estudo prospectivo prolongado (5 anos) da ação de anticoagulantes e antiplaquetários na profilaxia de fenômenos tromboembólicos em pacientes valvopatas portadores de Fibrilação Atrial (FA)

Paulo L Lavítola, Max Grinberg, Luiz A Dallan, Flávio Tarasoutchi, Protásio L Luz, Fulvio Pileggi.

Instituto do Coração HCFMUSP, São Paulo - SP.

 

Fundamento: O tromboembolismo é freqüente nos pacientes (pts) com fibrilação atrial (FA) e valvopatia mitral, obrigando o uso de droga antitrombótica.

Objetivo: Analisar a eficácia e a facilidade da administração de drogas antitrombóticas em valvopatas com arritmia cardíaca no período de 5 anos.

Métodos: Comparamos a incidência de embolia arterial em 821 pts portadores de FA, sem acidente vascular cerebral (AVC) prévio, divididos em 3 grupos, de acordo com a medicação: grupo 1 - Warfarina Sódica (330 pts), grupo 2 - AAS 100mg (149 pts) e grupo 3 - AAS 200mg (342 pts). Os pts foram reavaliados em períodos de 40 a 120 dias, num total de 5 anos. Todos os pts do grupo 1 tiveram controle periódico baseado na relação normatizada internacional (INR), procurando mantê-lo acima de 2,0. A ocorrência de embolia foi constatada clinicamente e por exames complementares.

Resultados: A incidência de tromboembolismo nos grupos 1, 2 e 3 foi, respectivamente 14/330 (4,24%), 12/149 (8,05%) e 4/342 (1,16%). Em todos os grupos houve maior ocorrência de tromboembolismo nos pts de idade inferior a 60 anos. Esses dados coencidem com valores de INR abaixo de 2,0 no grupo 1 e menor regularidade na ingestão dos medicamentos pelos pts mais jovens (de todos os grupos). Os efeitos colaterais foram mais importantes no grupo 1, especialmente entre os pts jovens. O AAS na dosagem de 200mg (grupo 3) mostrou-se estatísticamente mais eficaz na prevenção de tromboembolismo do que no grupo 2 (100mg). As complicações trombóticas no grupo 1 (Warfarin) decorreram especialmente da inadequação do INR.

Conclusão: O Warfarin constitue droga adequada na profilaxia a longo prazo de tromboembolismo no valvopata portador de FA. Entretanto, quando sua ingestão e controle não são confiáveis, o AAS (200mg) se mostra droga alternativa na profilaxia de fenômenos trombóticos.