Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 130

Análise Comparativa dos Resultados da Cardiomioplastia e da Ventriculectomia Parcial no Tratamento da Cardiomiopatia Dilatada

Luiz Felipe P Moreira, Noedir A G Stolf, Edimar A Bocchi, Fernando Bacal, Giovani Bellotti, Adib D Jatene.

Instituto do Coração H.C.F.M.U.S.P., São Paulo, SP.

A cardiomioplastia (CMP) e a ventriculectomia parcial (VP) têm sido empregadas como alternativas cirúrgicas no tratamento das miocardiopatias.

O objetivo deste estudo é comparar os resultados destes procedimentos em pacientes com cardiomiopatia dilatada que não apresentem dilatação severa do ventrículo esquerdo (VE) (diâmetro diastólico £ 80 mm)

Material: A população estudada incluiu 49 pacientes que estavam em classe funcional III ou IV apesar do uso de terapêtuica clínica otimizada.

Métodos: Trinta e dois pacientes consecutivos foram submetidos à CMP e 17 à VP. Eles foram seguidos por períodos médios de 32± 19 meses e 12± 5 meses, respectivamente, e foram avaliados no pré e aos 6 meses de pós-operatório através do estudo com radioisótopos e do cateterismo cardíaco.

Resultados: A mortalidade hospitalar foi de 5% na CMP e de 11% na VP. Aos 6 meses de seguimento, a classe funcional melhorou de 3,2± 0,4 para 1,7± 0,7 no grupo da CMP e de 3,5± 0,5 para 1,6± 0,9 após a VP. O estudo com radioisótopos mostrou a elevação significativa da fração de ejeção do VE após a CMP (19± 3% para 23± 7%) e a VP (18± 5% para 26± 8%), o que foi associado a redução significante do volume diatólico final do VE no grupo da VP (407± 120 para 281± 116 ml). Aumentos semelhantes do índice sistólico, associados a quedas significativas das pressões em território pulmonar foram observados nos dois grupos. No entanto, a sobrevida atuarial no grupo da CMP foi de 90± 5% aos 6 meses, 84± 6% em 1 ano e 65± 8% em 2 anos de seguimento, enquanto que os pacientes submetidos à VP apresentaram uma sobrevida de 57± 12% aos 6 meses e 1 ano de pós-operatório (p=0,02). Além disso, a incidência de óbitos por progressão de insuficiência cardíaca ou relacionados à arritmia foi maior no grupo da VP.

Conclusões: Apesar dos benefícios clínicos e sobre a função ventricular observados com os dois métodos, a sobrevida com a CMP foi melhor do que com a VP em pacientes com cardiomiopatia dilatada sem uma severa dilatação ventricular.