Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 132

Proposição de Técnica Endocavitária para Remodelamento Ventricular Esquerdo

Ivo A Nesralla, João R. Sant´Anna, Paulo R. Prates, Renato A K. Kalil, Guaracy Teixeira Fº., Orlando Wender, Altamiro R. Costa, Marisa Santos, Edemar M. Pereira, Raul F. Lara

Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul / FUC. Porto Alegre, RS.

 

O remodelamento do coração é uma proposição atual para o tratamento cirúrgico paliativo de pacientes (pac) com miocardiopatia dilatada e sem critérios de transplante cardíaco.

Objetivo: apresentar uma técnica de remodelamento ventricular esquerdo, caracterizada pela manutenção da arquitetura anatomo-funcional do coração por não incorrer em ressecção ventricular.

Método: A técnica foi utilizada em circulação extracorpórea, com o coração preservado por cardioplegia sangüínea hipotérmica. Após atriotomia esquerda, o folheto anterior da valva mitral foi removido e um enxerto triangular de pericárdio bovino (aprox. 2 x 6 x 6cm) suturado no endocárdio ventricular por pontos de polipropileno 3-0 ancorados em feltro de Dacron. As bordas ao longo do enxerto foram fixadas em duas linhas imaginárias que se extendiam da ponta do VE ao anel valvar mitral, passando uma delas pela metade do septo interventricular e outra junto a inserção do papilar porterior mitral. A aproximação destas linhas configurou uma plicadura interna e posterior na cavidade ventricular esquerda, que teve seu diâmetro reduzido. As estruturas musculares e a circulação coronariana foram preservadas.

Resultados: Oito pac com miocardiopatia dilatada, idades entre 24 e 58 anos, com insuficiência cardíaca congestiva grau IV (NYHA), foram submetidos a esta técnica de outubro a dezembro de 1996. Ocorreu 1 óbito no p.o. imediato (12,5%), outro no 3º mês de p.o. por endocardite da válvula mitral com embolia pulmonar. Os demais 6 pac encontram-se em evolução. Avaliação dos parâmetros por ecocardiografia transesofágica:

Parâmetro Pré-Op Pós-Op (30d) P
Débito cardíaco (l/min.) 2,6 ± 0,4 3,8 ± 0,7 < 0,001
Índice card. (l/min./m2) 1,9 ± 0,9 2,7 ± 0,6 < 0,005
Fração de ejeção (%) 21,5 ± 4,0 37,8 ± 1,2 < 0,05

Conclusão: A técnica de remodelamento ventricular intracavitário mostrou um resultado satisfatório em termos de mortalidade e mobilidade hospitalar e melhora funcional a curto prazo.