Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 217

Febre Reumática na Cidade de Curitiba Aspectos Clínicos e Epidemiológicos

Renato P A Torres, Nelson I Miyague, Cláudio L P Cunha.

Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, Hospital Infantil Pequeno Príncipe - UFPR.

 

A febre reumática (FR) é uma doença com significativa morbi-mortalidade, sendo uma das maiores determinantes da indicação de cirurgias cardíacas no Brasil.

Objetivo: Caracterizar os pacientes portadores de Febre Reumática sob os aspectos clínicos e epidemiológicos.

Material e Métodos: A amostra foi composta de 500 pacientes com idade média de 11,5 (+_) 4,5 anos, sendo 51,6% do sexo feminino. Foram analisados do ponto de vista epidemiológico: origem; idade do ataque inicial e recorrência; regime profilático; e o número de recorrências; e do ponto de vista clínico: manifestações maiores; presença de cardite; e gravidade da cardiopatia. Foram divididos em três grupos: I- surto único (n=373); II-surtos recorrentes (n=103); e III- cardiopatia reumática crônica (CRC) sem história de surto agudo (n=24).

Resultado: A idade do surto inicial foi principalmente entre 5 e 15 anos. Em 84,5% dos pacientes em fase ativa detectou-se infecção estreptocócica prévia. Dos 372 pacientes com diagnóstico da doença 53,5% faziam profilaxia regularmente. Dos 103 pacientes de surtos recorrentes, 81,6% tiveram seu último surto entre 6 e 15 anos, 8,7% entre 16 e 20 anos e 9,7% acima de 21 anos. A artrite esteve presente em 74,6% , a cardite em 43,4% e a coréia em 14,8%. As lesões cardíacas foram insuficiência mitral em 72,3%, insuficiência aórtica em 23,5%, dupla lesão mitral 13,5%, estenose mitral 4,7% e dupla lesão aórtica em 2,3%. Três pacientes tinham sido submetidos a tratamento cirúrgico. No grupo II foi maior a ocorrência de cardite e de CRC severa com maior adesão ao regime profilático.

Conclusão: 1. A FR nesta amostra revela características clínicas e laboratoriais semelhantes à literatura. 2. O número de pacientes desta amostra com profilaxia secundária regular mostra-se insatisfatório. 3. Os pacientes com surtos recorrentes tem menor adesão ao regime profilático, e apresentam maior incidência de cardite e CRC severa.4. Há uma parcela significativa de recorrências, inclusive na idade adulta.