Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

TL 243

Denise Hachul, Roberto Hirsch, Francisco Darrieux, Mauricio Scanavacca, Eduardo Sosa.

Instituto do Coração - HC - FMUSP - São Paulo - SP.

A associação de enxaqueca e síncope é bastante comum na prática clínica. Os sintomas são atribuídos à disfunção autonômica do sistema cerebrovascular, tanto em território carotídeo como em vértebro-basilar, frequentemente demonstrada nesses pacientes. O objetivo deste estudo foi avaliar a resposta autonômica periférica, através do teste de inclinação (TI) em pacientes (pts) portadores de enxaqueca e síncope.

Material e Métodos: Vinte e dois pts consecutivos, 14 do sexo feminimo, idade média de 31.5 anos, apresentando crises frequentes de exaqueca e história pregressa de síncope ou pré-síncope, foram submetidos ao TI. Todos apresentavam alterações ao doppler transcraniano sugestivas de disautonomia cerebrovascular. O TI foi realizado no período da manhã, em jejum. A monitorização da pressão arterial e eletrocardiograma foi realizada de forma contínua, não invasiva. Após um período de 20 minutos em decúbito horizontal, em uma maca basculante, os pacientes foram inclinados a 60 graus, onde permaneceram até a ocorrência de sintomas ou no máximo por 40 minutos. Não foram administradas drogas sensibilizantes.

Resultados: Quinze pts (68%) apresentaram resposta anormal ao TI: 12 pts (54.5%) apresentaram reflexo neurocardiogênico (pré-síncope com hipotensão e bradicardia) e 3 pts taquicardia sinusal ortostática persistente (FC> 100 bpm por todo o período de inclinação), com sintomas sugestivos de hiperatividade adrenérgica e intolerância postural (calor, sudorese, náuseas e tonturas).

Conclusão: Disfunção autonômica global pode estar presente em portadores de enxaqueca e o mecanismo neurocardiogênico deve ser considerado como causa de síncope nesses pacientes.