Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 245

Taquiarritmia Supraventricular no Feto: Diagnóstico e Manejo

Rejane F. Dillenburg, Gustavo G. de Lima, Paulo Zielinsky


Instituto de Cardiologia do RS/FUC. Porto Alegre, RS.

 

Introdução: a prevalência de taquicardia fetal é de 0,4 - 0,6 %. No final da gestação, são comuns as taquicardias sinusais, de início gradual, intermitentes e associadas a movimentação fetal, sem repercussão para o feto. As taquiarritmias de início súbito, com freqüências acima de 200 bpm, mesmo não sustentadas, merecem investigação. O diagnóstico é feito através do ecocardiograma fetal, com a identificação da seqüência temporal entre a sístole atrial e ventricular. As opções de tratamento incluem o uso de drogas por via materna (transplacentária) ou fetal direta (cordocentese), ou, se houver maturidade pulmonar fetal, a indicação de parto para tratamento da arritmia no período neonatal.

Objetivo: relatar a experiência da Unidade de Cardiologia Fetal do IC-FUC no diagnóstico e tratamento das taquiarritmias fetais.

Delineamento: série de casos

Pacientes e métodos: são descritos 12 casos de taquiarritmias atriais fetais (excluindo-se "flutter" atrial) detectados em 2200 gestantes examinadas na Unidade de Cardiologia Fetal no período de janeiro de 1989 a março de 1997.

Resultados: nesta série de casos, a prevalência da taquiarritmia supraventricular fetal é de 0,52%. A idade gestacional variou de 26 a 32 semanas no momento do diagnóstico. Quatro fetos estavam hidrópicos na apresentação, com freqüências cardíacas entre 200 e 280 bpm. Três pacientes apresentavam malformações estruturais (um com CIV e dois com doença de Ebstein da válvula tricúspide). Dois fetos não responderam ao tratamento com antiarrítmicos (digoxina, adenosina, amiodarona, verapamil) administrados por via transplacentária ou por cordocentese, tendo sido necessária a interrupção da gestação para tratamento da arritmia após o nascimento. Um destes bebês era prematuro, e evoluiu a óbito por complicações da prematuridade. Os outros dois fetos hidrópicos receberam digoxina transplacentária tendo sido observada reversão a ritmo sinusal após alguns dias de tratamento.Os fetos não-hidrópicos tiveram boa resposta ao tratamento materno com digoxina por via oral.

Conclusões: as taquiarritmias fetais são eventos raros, porém, importantes. Precisam ser diagnosticadas e tratadas a tempo, pois podem causar deterioração hemodinâmica com risco de vida para o feto.