Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 315

Infarto em paciente jovem: a importância da síndrome do anticorpo antifosfolípide

Osana M. C. Costa, José C. Nicolau, Lilia N. Maia.

Hospital de Base-Faculdade de Medicina de S. J. do Rio Preto-SP

 

Fundamento: saliente-se que a síndrome do AAF é uma causa comum de fenômenos trombóticos de repetição. Entretanto, a síndrome ainda é pouco estudada no infarto agudo do miocárdio (IAM).

Objetivo: evidenciar a importância da pesquisa dos anticorpos antifosfolípides (AAF) em pacientes (pts) jovens com IAM.

Delineamento: relato de caso clínico.

Resultados: mulher negra, 30 anos, hipertensa há 7 anos, com história de oclusões arteriais de repetição e um aborto espontâneo aos 21 anos de idade. Submetida à cinecoronariografia (CINE) em outro serviço em janeiro de 96, evidenciou-se descendente anterior com obstrução de 30% no seu terço proximal e pequeno aneurisma apical do VE. Sorologia para Chagas e investigação para lupus negativas. Recebeu alta com tratamento medicamentoso, sendo admitida neste serviço 1 mês após com quadro de angina instável e isquemia anterior extensa ao ECG. Cintilografia miocárdica realizada nesta internação mostrou hipoperfusão persistente em porção apical de parede anterior do VE, com discreto componente isquêmico associado. Recebeu alta com diltiazem e warfarina. Dois meses após retornou com IAM em parede anterior, tratado com fibrinolítico. No mesmo dia apresentou embolia para membro superior esquerdo, tratada com embolectomia. O pico de CKMB chegou a 83U. O ecocardiograma transesofágico mostrou aneurisma apical de parede antero-septal do VE, com função preservada e ausência de trombo intracavitário. Após 30 dias, a pte apresentou outro abortamento inevitável, sendo então submetida à nova CINE que mostrou coronárias normais e aneurisma apical. As provas de anticorpo antifosfolípide e anticoagulante lúpico resultaram positivas. Atualmente, com 12 meses de seguimento, a paciente encontra-se assintomática, em uso de vasodilatadores, b -bloqueador e anticoagulante oral.

Conclusão: a síndrome do AAF deve ser sempre suspeitada em ptes jovens com IAM.