Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 335

Detecção precoce de lesão miocárdica em doadores de sangue com a fase indeterminada da Moléstia de Chagas por estudo da função biventricular

Marcus V. Simões, Antonio Pazin-Filho, Guilherme B. Marin, Benedito C. Maciel, José A. Marin-Neto.

HC, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP, Ribeirão Preto, SP.

 

Objetivo: estudos para detectar lesão miocárdica na forma indeterminada (FI) da moléstia de Chagas quase sempre focalizam apenas o ventrículo esquerdo (VE). Este trabalho visou a estudar a função biventricular de pacientes chagásicos com a FI da MC.

Métodos: Grupo I = 16 pacientes assintomáticos, idade = 42+11 anos, com sorologia positiva para MC, ECG normal em repouso e durante esforço máximo, e ausência de anormalidades no RX de tórax e na investigação funcional do tubo digestivo. Group II = 13 voluntários normais, com idade = 39+10 anos, sem anormalidades nos mesmos exames. Ambos os grupos foram submetidos a angiocardiografia nuclear de equilíbrio a 32 quadros/ciclo cardíaco, obtendo-se 200.000 cintilações/quadro. Calculou-se as frações de ejeção (FE) de VE e VD, assim como as velocidades máximas de ejeção (VME) e repleção diastólica (VMRD).

Resultados : Médias e desvios-padrão (DP) - * = p « 0.05

Grupo I Grupo II

VE FE 65 ± 7 67 ± 8

VME 3.8 ± 0.6 3.6 ± 1.4

VMRD 3.3 ± 0.7 3.4 ± 0.7

VD FE 46 ± 6* 53 ± 5

VME 2.8 ± 0.5* 3.4 ± 0.5

VMRD 2.1 ± 0.7 2.2 ± 0.3

4 pacientes chagásicos (25%) tinham FEVD abaixo de 2 DP da média dos indivíduos normais = 0.42. No grupo II correlação significativa entre FEVD e FEVE (r = 0.83, p < 0,01) mas não no grupo I (r = 0.49, p > 0.05).

Conclusões:1) Disfunção sistólica de VD é detectável na FI da MC apesar de normalidade completa do desempenho sistólico e diastólico do VE. 2) A angiocardiografia nuclear consitui método não-invasivo apropriado para estudo biventricular e detecção precoce de lesão miocárdica na FI da MC.