Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 449

Papel da Cintigrafia de Perfusão Miocárdica (Tl-201 SPECT) com Dipiridamol na Escolha do Tratamento Após Trombólise no Infarto Agudo do Miocárdio.

Augusto Bottega, Fausto H Hironaka, Maria C P Giorgi, Marisa Izaki, William A Chalela, Jose C Meneghetti.

Instituto do Coração - FMUSP/H. Beneficência Portuguesa - São Paulo - SP

 

O objetivo deste estudo foi avaliar o papel da cintigrafia de perfusão miocárdica com Tl-201 SPECT associada ao dipiridamol (CPM) em determinar a estratégia terapêutica após infarto agudo do miocárdio (IAM) trombolisado.

A CPM foi realizada em 25 pacientes (pts) com IAM submetidos a terapia trombolítica, todos em classe funcional I (NYHA), 3 a 12 dias após o evento. Os pts se submeteram também à ventriculografia radioisotópica (VR) em repouso durante a fase aguda e após 3 meses.

Em 14 pts, a CPM mostrou apenas defeitos fixos na área do infarto (Grupo I); em 11 observou-se defeitos transitórios na zona infartada e/ou defeitos fixos extensos da perfusão miocárdica (Grupo II). No Grupo I, apenas 4 dos 14 pts foram submetidos a procedimentos de revascularização miocárdica (RVM): 1 triarterial e 3 uniarteriais com estenose residual severa na artéria coronária culpada. No Grupo II, 9 dos 11 pts foram submetidos a RVM: 5 multiarteriais e 4 com estenose residual crítica na artéria culpada. No Grupo I, sem isquemia na CPM, a fração de ejeção (FE) global medida pela VR passou de 0,51 ± 0,09 durante a fase aguda para 0,54 ± 0,10 após 3 meses; porém, nos 4 pts revascularizados, a FE não se alterou em 3 e caiu em 1. No Grupo II, a FE aumentou de 0,41 ± 0,09 para 0,47 ± 0,13, tendo aumentado em 1 e caído em outro dos 2 pts submetidos a tratamento clínico. No seguimento de 1 ano nenhum paciente dos 2 grupos apresentou eventos coronarianos graves.

A CPM permitiu a seleção de um grupo de pts infartados com FE inicialmente baixa e pior prognóstico aparente. A escolha do tratamento baseada não apenas nos dados cineangiocoronariográficos (doença corona-riana multiarterial e/ou estenose crítica residual na artéria culpada) mas, também, nos dados da CPM levou à melhora da função ventricular regional tardia. Assim, a CPM é útil na escolha da estratégia terapêutica após trombólise, com prováveis implicações prognósticas.