Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 005

Papel Da Ecocardiografia Transesofágica Antes Da Cardioversão Elétrica Na Fibrilação e Flutter Atriais Crônicos.

Thiago R. Rodrigues, Reynaldo C. Miranda, Paulo F. Latorre, Braulio M. R. Oliveira, Jose Luiz B. Pena e Maria da Consolação V. Moreira.

Hospital Felício Rocho, Belo Horizonte, MG.

 

Fundamento - A embolia sistêmica (ES) é uma complicação da cardioversão elétrica (CV). A ecocardiografia transesofágica (ETE) é método sensível na detecção de trombos (T) e contraste espontâneo (CE) intracardíacos.

Objetivos: Avaliar se a ETE é indispensável antes da CV da fibrilação (FA) e flutter (FTA) atriais crônicos e se ela acrescenta informações que possam mudar a conduta te- rapêutica.

Material e Métodos -Entre 09 / 91 e 03 / 97 realizou-se 188 CV em 166 pacientes (Pts) com FA/FTA crônicos, idade média 58 +/- 13,2 anos (21 a 87 anos). 84% dos Pts eram de risco elevado para ES (valvopatia mitral grave, insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, idade avançada ou evento embólico prévio). Todos, exceto uma PT, receberam anticoagulante oral (AC) por no mínimo 3 semanas antes a 4 semanas após a CV (RNI 3,07 +/- 1,19).Todos rea-lizaram ecocardiograma transtorácico, sendo que 24 (14,3%) fizeram a ETE antes da CV, mostrando T em 4 (16,6%) e CE isoladamente em 3 (12,5%). 141 Pts. (84,9%) recuperaram o ritmo sinusal. Uma única PT não recebeu AC por contra-indicação absoluta. O seu ETE 30 min. antes da CV não detectou T nem CE.

Resultados - Houve apenas 1 ES 36 horas após a CV, na única PT em que,embora ausentes T e CE ao ETE, não usara o AC oral. Todos os Pts que usaram AC não tiveram ES independente do resultado da ETE. Dos 4 Pts com T ao ETE, 2 aguardaram a resolução do mesmo em um 2° ETE e os outros 2 realizaram a CV após 3 semanas de AC sem repetir o exame. Nenhum deles apresentou ES. 1 PT valvopata mitral grave que usou AC não apresentou ES apesar de um ETE feito após a CV ter mostrado trombose maciça no átrio esquerdo.

Conclusões - 1 - A ES é um evento raro após a CV em Pts adequadamente anticoagulados. 2- A ETE não forneceu informações que mudassem a conduta terapêutica no grupo estudado, e ainda acarretou maiores custos financeiros. 3 - A ausência de T e/ou CE não elimina a necessidade de AC, já que o T pode ser formado posteriormente, sugerindo, portanto, que todos os Pts sejam anticoagulados, dispensando-se o ETE. 4 - A CV deve ser contra-indicada na impossibilidade de anticoagulação, mesmo na ausência de T ou CE à ETE. 5 - Este estudo sugere, mas não permite definir quanto à segurança da CV em Pts com T não resolvidos à ETE e submetidos a anticoagulção correta.