Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

TL 026

Walkíria S Ávila, Max Grinberg, Eduardo G Rossi, Flávio Tarasoutchi, Luiz F Cardoso, Protásio L Luz, Giovanni Belotti.

Instituto do Coração HCFMUSP, São Paulo - SP.

Fundamento: A alta taxa de morbidade da gravidez pode resultar em imediata modificação na evolução clínica de portadoras de estenose mitral. Contudo, a sua interferência na evolução a longo prazo é desconhecida.

Objetivo: Analisar influência tardia (36 meses pós-parto) da gravidez e suas intercorrências, sobre a história natural da estenose mitral.

Métodos: Estudo prospectivo, por 36 meses, de 85 mulheres, média etária de 27,5 anos, área valvar mitral entre 0,6 à 1,9 (média= 1,2) cm2 divididas em 2 grupos: GG - 49 pacientes no pós-parto imediato e GN - 36 nulíparas. O grupo GG apresentou, no período da gestação, 24 (48,9%) casos de complicações (12 CF III, 8 CF IV, 2 edema agudo de pulmão, 1 fibrilação atrial (FA) e 1 acidente vascular cerebral). O tratamento clínico, repouso, dieta, betabloqueador e diurético em 22 pacientes, e a valvotomia mitral percutânea em 2 pacientes, permitiram que todas pacientes atingissem o parto com recém-nascidos vivos. O GN não apresentou eventos cardiovasculares prévios.

Resultados: No grupo GG 33 (68%) pacientes mantiveram a CF I/II; 16 (32%) pacientes evoluíram para CF III/IV, sendo 10 submetidas a comissurotomia, 3 a valvotomia percutânea. O período transcorrido entre a intervenção variou entre 8 e 12 (média= 3,9) meses pós-parto. No grupo GN 29 (53%) pacientes mantiveram CF I/II; 10 (47%) pacientes evoluíram para CF III/IV sendo 6 (16,6%) submetidas a comissurotomia e 2 a valvotomia percutânea. O período variou entre 6 à 16 (média= 5,5) meses do início do estudo. Não houve diferença (p>0,28) quanto a evolução clínica tardia entre os dois grupos.

Conclusões: Eventos da gravidez podem provocar modificação imediata na evolução da estenose mitral mas não interferem na história natural a longo prazo.