Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 044

Monitorização Oxi-Hemodinâmica Invasiva Contínua: A Evolução de Antigos Conceitos.

José Eduardo Castro, Luiz Antonio Campos, Marco Aurélio Fernandes, João Carlos Pinho, Renato Vieira Gomes, Hans Dohmann

Hospital Pró-Cardíaco - UTI de Pós-Operatório - PROCEP - RJ.

 

Fundamentos: Há ¼ de século o emprego do Catéter-balão Arterial Pulmonar (Swan Ganz) ocupa um lugar destacado nas técnicas de monitorização oxi-hemodinâmica, representando o "padrão ouro" de monitorização invasiva. O "Princípio de Termodiluição de Faegler" (1956) ainda representa a melhor alternativa de aferição do débito cardíaco. A mensuração da SVO2 expressa a oferta e a utilização periférica de oxigênio. Porém uma série de dificuldades técnico-operacionais persistem ainda não resolvidas.

Objetivos : Estudar a aplicabilidade clínica de um novo método de monitorização contínua do índice cardíaco e da SVO2, em uma UTI de pós-operatório de cirurgias cardiovasculares.

Material e Métodos: a) Monitor Baxter-Vigilance: IC e SVO2 ; b) Monitor Anamed-Vital Wave: PAM,PAP,POP; c) Catéter de Artéria Pulmonar: Baxter, 6 vias, 7.5F (744H7.5F).Através de um "método estocástico" o Monitor Vigilance envia, a partir de seu filamento térmico, pulsos de energia em uma seqüência repetitiva ("on-off") a cada 30-60 segundos. As diferenças de temperatura do sangue são detectadas pelo termístor distal localizado na Artéria Pulmonar. O monitor examina os dados, aplica a fórmula de "cross correlation" e constrói a curva de "wash out" aferindo o IC. Além disto, por um princípio óptico (fibra óptica) , mensura a SVO2. Os demais dados pressóricos são monitorizados no Vital Wave, bem como as restantes variáveis oxi-hemodinâmicas.

Pacientes: Entre maio e dezembro de 1996, setenta (70) pacientes (pacs.) foram monitorizados, 50 homens (71%) e 20 mulheres (29%), com idades compreendidas entre 35 e 85 anos (x=63.1 anos), 39 submetidos à revascularização miocárdica (55.7%), 9 à troca valvar (12.9%), 6 à aneurismectomia aórtica (8.6%),4 à revascularização miocárdica + cirurgia valvar (5,7%), 2 à dissecção aórtica (2,9%)2 à ventriculectomia parcial (2.9%), e 8 pacs. submetidos à cirurgias não cardiovasculares (11.4%), todos com indicações clínicas e de porte cirúrgico para serem monitorizados.

Resultados: O tempo de monitorização oxi-hemodinâmica contínua em regimes de per e pós-operatório variou de 2 a 18 dias (x=3.9 dias), o tempo de internação na UTI-PO foi de 2 a 21 dias (x=5.2 dias) e a mortalidade foi de 6 pacientes (8.6%). O registro "on line" do IC e da SVO2 mostrou direta correlação com os dados aferidos de forma intermitente e convencional. O nº de amostras de sangue arterial e venoso misto para aferição gasométrica tornou-se sensivelmente menor.

Conclusão: Os padrões de monitorização oxi-hemodinâmica invasiva até os dias atuais, pouco tinham variado em relação aos descritos no início da década de 70 por Swan e Ganz.O presente método contínuo, reduz marcantemente a necessidade ativa de obtenção de dados fundamentais ao entendimento e à ação terapêutica voltados ao paciente submetido à cirurgia cardiovascular. Há menor manuseio do catéter e conseqüentemente menor risco de infecção. Os custos operacionais, entretanto, ainda não se mostraram diferentes.