Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 075

Resultados da Recuperação de Válvulas Aórticas Estenóticas Calcificadas, Congênitas e Senis.

Renato A.K. Kalil, Guaracy F. Teixeira Fº, João Ricardo M. Sant’Anna, Paulo R. Prates, Paulo R. Lunardi Prates, Orlando C. Wender, Rogério Abrahão, Ivo A. Nesralla.

Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul / FUC. Porto Alegre, RS.

 

Fundamento: Recuperação valvar em estenose aórtica (EAo) calcificada foi abandonada após o advento das próteses. Recentemente, temos empregado descalcificação manual dessas válvulas.

Objetivo: avaliar resultados de descalcificação em estenose aórtica.

Delineamento: Estudo prospectivo, não randomizado, em série consecutiva.

Pacientes: de 1993 a 1996, 62 pacientes (pc) foram tratados, 33 masculinos e 29 femininos. Idades: 25 a 78 (61,7 ± 10,5) anos. Em 17 foram realizados procedimentos associados. Tempos perfusão 33 a 120 min (57,1 ± 17,9) isquemia 20 a 78 min (37,1 ± 13,0). Etiologia senil esteve presente em 32 casos (50,8%) e congênita em 30 (49,2%).

Métodos: A técnica consistiu na fragmentação e retirada das calcificações depositadas na válvula. Pertuitos ocasionalmente foram corrigidos com sutura direta ou pequeno enxerto. Quarenta e um pacientes foram submetidos a eco pós-operatório imediato e tardio (até 3 anos e 10 meses).

Resultados: mortalidade imediata (30 dias) 3,2% (2), por dano neurológico e hipoxemia em 1 (10º p.o.) e complicações hepáticas e infecciosas em outro (20º p.o.), Mortalidade tardia 1,6% (1 caso) por infarto do miocárdio (sic). Houve 1 reoperação (1,6%) aos 45 m p.o. por EM+EAo. Classe funcional p.o. tardio: 42,9% I, 50,0% II e 7,1% III. Valores de Eco pré e p.o. :

Medida eco Pré-op P.O. imed P.O. tardio Teste "t"
        pré x pot poi. x pot.
D Pmáx mmHg. 94,7±23,1 32,7±8,1 41,4 ± 19,2 < 0,001 NS
D Pmed mmHg 50,6±20,2 19,3±4,0 26,6 ± 12,7 < 0,01 NS
V. diast ml 103±81 103 ± 42 124 ± 62 < 0,05 < 0,05
E. septal, mm 14,7 ± 0,5 11,6 ± 0,2 12,0 ± 0,1 < 0,01 NS

Conclusões: A recuperação por descalcificação e reparo da estenose aórtica calcificada, congênita e senil, provê bom resultado funcional imediato, o qual se mantém a médio prazo. A técnica constitui alternativa realista e preferencial à substituição protética, devendo ser considerada entre os recursos terapêuticos da cirurgia valvar aórtica.