Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 114

O Papel do Acometimento Isquêmico Obstrutivo na Evolução da Cardiomiopatia Hipertrófica do Tipo Septal Assimétrico

Francisco Albanesi F.º, Marcia Castier, Tatiana T Silva, Paulo Ginefra

Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, RJ

 

Fundamento: Sigwart et al. (Lancet 1995;346:221) observaram redução do gradiente na via de saída (D VE) na cardiomiopatia hipertrófica (CMH) após obstrução por cateter balão da artéria descendente anterior (ADA).

Objetivo: Avaliar o comprometimento da cardiopatia isquêmica obstrutiva (CIO) da ADA na CMH e sua repercussão na evolução, visto ser controverso o papel da necrose e da fibrose do septo interventricular (SIV) na CMH.

Delineamento: Estudo observacional de casos prospectivos.

Casuística: De 158 pac com CMH, selecionamos 6 (3,79%) com CMH e CIO, e lesão obrigatória da ADA. Eram 4 homens, entre 52 e 70 (x=65,1) anos, brancos, com forma septal assimétrica (4 obstrutivos). O tempo da CMH foi de 78 a 182 (x=141) meses e da CIO de 1 dia a 106 (x=42) meses.

Método: A CMH e a CIO foram diagnosticadas através - eletrocardiograma, ecocardiograma, estudo hemodinâmico e cinecoronariografia. Foram seguidos com avaliações clínicas e exames complementares periódicos.

Resultados: A apresentação da CIO foi em 5 com angina instável e em 1 com infarto agudo do miocárdio. A ADA estava comprometida entre 60 a 100%, sendo em 1 lesão única e nos 5 restantes com lesão de 2 ou mais vasos. Na evolução 3 foram submetidos a revascularização miocárdica (RM), 1 associada a miomectomia septal, 1 a angioplastia coronária e 2 ao tratamento clínico. No período de observação de 76 a 124 meses após o diagnóstico CIO, ocorreu 1 óbito, 35 meses após reoperação de RM, por edema pulmonar na vigência de infarto do miocárdio. No fim do estudo observamos redução dos valores médios do SIV de 1,53 para 1,40 cm, D VE de 56 para 15,75 mmHg, com discreto aumento do VED de 4,55 para 4,85 cm e do VES de 2,83 para 3,13 cm, sem alterar o AE (4,13cm). Acreditamos que na evolução temos a participação da isquemia e da fibrose do SIV, aliado a ação medicamentosa de agentes inotrópicos negativos no tratamento da CMH e CIO.

Conclusão: É a CIO da ADA bem tolerada na CMH septal assimétrica, participando do processo fibrótico septal e melhorando o desempenho cardíaco, não representando problema adverso na evolução da CMH.