Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 116

Novos parâmetros morfológicos para avaliação de biópsias pulmonares de pacientes com cardiopatias congênitas

Vera D. Aiello, Antonio A B. Lopes, Maria L. Higuchi.

Instituto do Coração do HC FMUSP - São Paulo - SP

 

Fundamento e objetivo: A falta de perfeita correlação entre os achados de biópsia pulmonar de pacientes com hipertensão pulmonar (HP) secundária a cardiopatias congênitas com os dados clinicos e hemodinâmicos, bem como a diversidade de lesões em biópsias com o mesmo grau histológico justificam a busca de novos parâmetros para classificação da doença vascular.

Material e métodos: Análise quantitativa (morfométrica) e qualitativa (Heath-Edwards) foi realizada em 66 biópsias pulmonares (idades variaram de 6 meses a 37 anos, média 3,9; mediana 1 ano). Foram calculados os valores médios de porcentagem de espessura da túnica média e do diâmetro externo de artérias pulmonares periféricas intra-acinares, e comparados com dados normais para a idade.

Resultados: 57 biópsias mostravam artérias intra-acinares com hipertrofia da média, sendo que em 27 delas a hipertrofia era discreta e em 30 a hipertrofia era acentuada (maior que 2X o normal). Houve associação significante entre hipertrofia acentuada e pacientes com idade inferior a 1 ano (p=0,02). Não houve associação entre intensidade de hipertrofia e grau qualitativo (I a IV de Heath-Edwards). Em 29 biópsias havia artérias periféricas dilatadas mas com paredes hipertróficas (sem atrofia), sendo que 30% delas mostravam grau I qualitativo e as demais lesões oclusivas da íntima. Em outras nove biópsias encontramos artérias intra-acinares dilatadas, mas com atrofia da parede.

Conclusões: A hipertrofia acentuada da túnica média arterial parece ser uma reação inicial ao hiperfluxo pulmonar, visto estar presente mais freqüentemente em pacientes dentro do primeiro ano de vida, mesmo naqueles com lesões obstrutivas da íntima (Heath-Edwards grau II, III ou IV). O achado de dilatação arterial com hipertrofia da parede pode significar um padrão diferente de remodelamento vascular frente ao hiperfluxo pulmonar em determinados pacientes, e necessita de investigação para correlação com dados clínicos e hemodinâmicos. Todavia, pode corresponder a um início de dilatação pós-estenótica em biópsias com lesões obstrutivas da luz.