Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 121

Endocardite Infecciosa na Infância e Adolescência - Experiência de 11 anos.

Autores: Vitor M.P.Azevedo, Ma Ourinda M.Cunha, Regina E.Müller

Hospital de Cardiologia de Laranjeiras - S.Cardiopediatria - Rio de Janeiro - RJ.

 

Fundamento: A Endocardite Infecciosa (E.I.) é uma patologia de grande morbidade, que incide principalmente nos portadores de Cardiopatias Congênitas e /ou Valvulopatias, havendo um risco aumentado nos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca.

Objetivo: Análise da apresentação clínica, espectro bacteriológico, localização da vegetação, dos métodos diagnósticos e da terapêutica clínica e cirúrgica nos casos de E.I.

Delineamento: Estudo observacional retrospectivo.

Pacientes e Métodos: Total de 42 pacientes internados no período de fev 86 a mar 97.

O diagnóstico foi feito a partir da visualização de vegetações no Ecocardiograma Bidimensional Transtorácico (ETT) e/ou da presença de hemoculturas positivas.

Havia cardiopatia prévia em 38 pacientes (90,5%), dos quais 52,4% Congênitos e 38,1% Reumáticos. Nos Congênitos 45,5% eram Cianóticos e 54,5% Acianóticos.

Havia história de Cirurgia Cardiovascular prévia em 4 casos (9,5%).

Resultados: Porta de Entrada - identificada em 34 pacientes (81%), distribuídas em: Periodontite / Cáries (50%); Inf. Respiratória (23,6%); Lesões de Pele (17,6%); Catéter venoso (14,7%); Inf. Urinária (5,9%); Trauma (2,9%) e Nutrição Parenteral Total (2,9%). Principais Sinais e Sintomas: Febre (100%); Taquicardia (95,2%); Toxemia (90,5%); Esplenomegalia (78,6%); ICC (76,2%); Perda de Peso (76,2%); Anemia (73,8%); Surgimento / Modificação de sopro preexistente (59,5%); Hematúria (21,4%); Pericardite associada (19%); Manchas de Janeway (4,7%) e Nódulo de Osler (2,4%). Hemoculturas Positivas em 69%. Germes: Streptococos (69%); Stafilococos aureus (17,3%); Stafilococos epidermidis (3,4%); Bacilos Gram negativos (6,9%) e Cândida albicans (3,4%).

A Vegetação foi visualizada em 93%. Tipo: Séssil (76,2%) e Pedunculado (14,3%).

Localização: Mitral (52,4%); Aórtica (19%); Tricúspide (11,9%); Pulmonar (16,7%); Borda da CIV (9,5%); Endoarterite (9,5%) e Corpo Ventricular (14,3%). Múltipla em 26,2%.

Antibioticoterapia: 3 a 46 dias (M = 24,8). Duração da Febre após o início: Etiologia Strepto-cóccica de 1 a 8 dias (M = 3,8) e Stafilocóccica de 3 a 34 dias (M = 14,8). A Cirurgia foi necessária em 5 casos (11,9%) durante o episódio de E.I. Duração da Internação: 8 a 217 dias (M = 43,8). Alta Hospitalar: 38 pacientes (90,5%) e Óbito em 4 pacientes (9,5%).

Conclusões: A E.I. permanece como uma patologia de alta morbidade, porém com mortalidade decrescente ao longo dos anos. O diagnóstico bacteriológico é fundamental para uma terapêutica específica e devemos insistir na colheita de diversas amostras de hemocultura. O ETT é eficaz no diagnóstico da E.I. nesta faixa etária. Em relação a profilaxia da doença, devemos enfatizar a educação para a higiene oral adequada.