Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 142

A angiotensina II induz a fosforilação em tirosina do receptor 1 de angiotensina (AT1) em músculo cardíaco de ratos intactos.

André R L Obici, Marco A Carvalho Filho, Carla R O Carvalho, José A R Gontijo, Mário J A Saad.

Departamento de Clínica Médica - FCM - UNICAMP - Campinas - SP

 

Introdução: A angiotensina II ( AII ) promove seus efeitos intracelulares através da estimulação de receptores de membrana denominados receptores de angiotensina 1 e 2 (AT1 e AT2). O subtipo AT1 é uma proteína G à qual a ligação da AII leva à ativação da fosfolipase C e D e inativação da adenil ciclase. A estrutura molecular do AT1 apresenta sítios de serina, treonina e tirosina cujas fosforilações poderiam estar envolvidas na regulação deste receptor. Recentemente, provou-se que a AII induz a fosforilação de algumas proteínas citoplasmáticas como MAP-Quinase, substrato 1 do receptor de insulina (IRS-1), proteína shc, RAF-1, p125fak. Estudos em cultura de células demonstram que a AII é capaz de induzir fosforilação do AT1, embora este receptor não seja uma tirosina quinase. Entretanto a importância fisiológica desta fosforilação não foi ainda investigada.

Objetivo: O objetivo do presente estudo foi investigar se a AII induz a fosforilação em tirosina do AT1 em tecido cardíaco de ratos in vivo.

Delineamento: Foram utilizados ratos Wistar infundidos com AII e comparados com animais com infusão de igual quantidade de salina.

Material: Ratos Wistar machos com 8 semanas de idade.

Métodos: Os animais receberam infusão aguda de AII (10-5 M) na veia cava. A seguir, amostras de tecido cardíaco foram extraídas em tempos variados, homogeneizadas e então centrifugadas. O sobrenadante foi utilizado para imunoprecipitação com anticorpo anti-AT1 e posterior imunnoblotting com anticorpo anti-fosfotirosina. Em outro experimento, doses diferentes de AII foram infundidas e as amostras de tecido cardíaco retiradas após 3 minutos, tempo estabelecido no experimento anterior como o de ativação máxima.

Resultados: Demonstrou-se que a AII fosforila seu receptor em tirosina, sendo o efeito máximo observado com uma dose de 10-10M e entre 3 e 5 minutos após a infusão deste hormônio na veia cava.

Conclusão: Demonstrou-se que, em coração de ratos intactos, a AII é capaz de fosforilar o AT1 em tirosina em doses fisiológicas. Este mecanismo pode estar envolvido na regulação da atividade do receptor e as implicações fisiológicas decorrentes desta fosforilação serão motivo de investigação.