Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 147

Associação entre Temperatura Ambiental, Pressão Arterial e Prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica.

Gerson M Pereira, Leila B Moreira, Renan S Moraes, Mario Wiehe, Alessandro Morsch, Flávio D Fuchs.

Unid. de Farmacologia Clínica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre-RS

 

Fundamentação: A impressão clínica de que o controle da HAS é mais difícil nos meses de inverno é fruto de observação empírica e de poucos estudos de amostras pequenas ou muito selecionadas.

Objetivo: Avaliar a associação entre temperatura ambiental e pressão arterial.

Delineamento: Estudo transversal

Material e Métodos: Coletaram-se os dados em domicílios selecionados aleatoriamente, através de questionário estruturado, verificação da média da pressão arterial a partir de duas medidas e registros da temperatura ambiental do Oitavo Distrito de Meteorologia do Ministério da Agricultura. Pressão Arterial = 160/95 definia os hipertensos. Analisou-se a associação entre a temperatura ambiental e a pressão arterial através de regressão linear, controlando-se para índice de massa corporal e abuso de bebidas alcoólicas (= 30 g/álcool/dia).

Resultados: Entrevistaram-se 1081 indivíduos com idade média de 42,8 (± 16,9) anos, PAD= 77,7 (± 13,8) mmHg e PAS=127,9 (± 22,0) mmHg. Observou-se uma prevalência de HAS de 12,6%. A pressão diastólica média para temperaturas abaixo de 10oC foi de 86,2 mmHg, significativamente maior do que em temperaturas acima de 20oC ( 76,9 mmHg entre 20 e 30oC e 77,4 mmHg acima de 30oC; P=0,0062). Para a sistólica observou-se diferença entre as faixas de 10 a 20oC (131,4 mmHg) e 20 a 30oC (126,8 mmHg; P=0,0015). Os coeficientes de regressão foram -0,26 para a diastólica e -0,56 para a sistólica (p< 0,001). O risco relativo estimado de hipertensão para temperaturas até 10oC foi de 2,7 (P=0,0068), comparando-se com temperaturas superiores a 30oC.

Conclusão: Na amostra estudada existe uma associação inversa entre níveis pressóricos e a temperatura ambiental.Para cada grau de temperatura existe uma variação de 0,56 mmHg na pressão arterial sistólica e 0,26 mmHg na diastólica. A probabilidade de hipertensão aumenta quase três vezes nos dias com temperaturas iguais ou inferiores a 10oC.