Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 228

Disfunção ventricular e redução da reserva de fluxo coronário na hipertensão arterial: estudo ecodopplercardiográfico transtorácico e transesofágico.

Clovis de C Frimm, Valéria FA Pereira, Álvaro V Moraes, Caio CJ Medeiros, Eduardo M Krieger, Fúlvio Pillegi.

Unidade de Hipertensão e Serviço de Ecocardiografia, InCor - HCFMUSP.

 

Fundamentos: A redução da reserva de fluxo coronário (RFC) tem sido observada em pacientes com hipertensão arterial, mas seu papel na fisiopatologia da disfunção miocárdica é ainda desconhecido.

Objetivo: Avaliar o comportamento da RFC em hipertensos com disfunção ventricular esquerda.

Material e métodos: Foram estudados 10 de 17 doentes (5 homens, com 49 ± 13 anos e com pressão arterial diastolica de 99 ± 12 mmHg, em uso de 0 a 4 drogas hipotensoras), nos quais o estudo ecocardiográfico da função sistólica do ventrículo (VE), realizado antes e após redução de 30% da pressão arterial sistólica com nitroprussiato de sódio (NP) i.v., foi complementado pela obtenção imagens de Doppler transesofágico adequadas para a medida da velocidade diastólica de pico e média do fluxo da artéria coronária descendente anterior. A reserva de fluxo coronário (RFC) foi definida pela razão entre a velocidade de fluxo obtida após adenosina (140 m g.kg-1.min-1, i.v.) e a velocidade de fluxo basal. Os pacientes foram divididos em 2 grupos: A) n=5, com função normal ou aumento do D D% superior a 50% após NP e B) n=5, com disfunção ventricular esquerda persistente (D D% < 30% e aumento inferior a 50%).

Resultados: Os valores de D D% foram 29 ± 11 e 36 ± 7 no grupo A e 16 ± 3 e 18 ± 5 no B, antes e após NP, respectivamente. O grupo A comparado ao B apresentou valores semelhantes (P > 0.05) de: 1) diâmetro diastólico do VE (61 ± 12 vs 65 ± 10 mm), 2) diâmetro sistólico (44 ± 14 vs 55 ± 9 mm), 3) espessura diastólica de parede (12 ± 3 vs 11 ± 3mm) e 4) índice de massa (272 ± 161 vs 251 ± 87 g.m-2), enquanto os valores da RFC de pico (2.45 ± 0.7 vs 1.41 ± 0.61 cm.s-1) e da RFC média (2.45 ± 0.40 vs 1.40 ± 0.40 cm.s-1) foram significativamente maiores (P < 0.05).

Conclusões: A redução da reserva de fluxo coronário está associada à disfunção ventricular persistente na hipertensão arterial.