Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

TL 242

Mauricio I. Scanavacca, Denise T. Hachul, Carmen Jorge, Eduardo Sosa, Giovanni Bellotti, Fulvio Pileggi.

Instituto do Coração - FMUSP - São Paulo.

Síncope assistólica quando observada em pacientes jovens, na ausência de cardiopatia, frequentemente relaciona-se com disfunção sinusal extrínsica, secundária a reflexos autonômicos periféricos. Entretanto, a estimulação de áreas específicas do lobo temporal podem provocar taquiarritmias e mais raramente bradiarritmias, mas a demonstração clínica desses fenômenos é incomum. Descrevemos o caso de uma paciente de 34 anos, encaminhada para investigação de síncope recorrente (13 episódios em 6 meses), alguns deles com injúria corporal. Seu exame físico e avaliação cardíaca não invasiva (ECG, Holter, Ecocardiograma e Teste de Inclinação) foram normais. Durante monitorização com gravador de eventos ("loop-recorder"), documentou-se 18 segundos de assistolia acompanhando um episódio sincopal. A monitorização eletroencefalográfica contínua concomitante à monitorização eletrocardiográfica demonstrou atividade epiléptica originando-se no lobo temporal esquerdo que precedia bradicardia progressiva e assistolia de 4 segundos. A ressonância nuclear magnética de crânio revelou tumor cístico de localização temporal esquerda. Apesar do implante de marcapasso definitivo (DDD) continuou apresentando episódios pré-sincopais. O registro contínuo e não invasivo da pressão arterial demonstrou hipotensão significativa acompanhando os sintomas pré-sincopais a despeito da manutenção da frequência cardíaca pelo marcapasso. A paciente recusou tratamento cirúrgico e foi medicada com terapia anticonvulsivante. Após a associação de Carbamazepina e Clonazepan a paciente não voltou a apresentar episódios sincopais e pré-sincopais em seguimento de 21 meses. Concluindo, a epilepsia temporal deve ser considerada na investigação de pacientes com síncopes relacionadas a assistolias inexplicadas.