Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 253

Potencial tardio ventricular e arritmia cardíaca. Verificar sua correlação clínica.

Semi Haurani. Ceprev - Curitiba - PR.

 

Objetivo: Definir o Potencial Tardio Ventricular como indicativo de presença de substrato arritmogênico em pacientes com evidência de arritmia ventricular significativa ao Holter. Métodos: Entre os pacientes qe realizaram Holter de ECG de 24 h. para investigação de arritmia, independente da sua etiologia, identificamos o grupo de pacientes que apresentava Arritmia Cardíaca Ventrícular significativa, definido como mais de 30 ectopias/hora. Este grupo consistiu em 42 pacientes, cuja média de idade é 55,5 (33 a 76) anos, 21 do sexo masculino e 21 do sexo feminino e no momento sem uso de drogas antiarritmícas. Sua investigação foi complementada com a realização de Eletrocardiografia de Alta Resolução pela técnica do Domínio do Tempo e considerado Positivo quando presentes pelo menos dois dos seguintes critérios: 1) Duração total do complexo QRS filtrado maior que 114ms., 2) Voltagem média dos 40ms. terminais do complexo QRS filtrado menor que 20uV e 3) Duração total dos sinais de baixa amplitude menor que 40uV no final do complexo QRS filtrado maior que 38ms. Este grupo de pacientes apresentava-se heterogêneo quando analisava-se Cardiopatia de Base: Isquêmica com Infarto Prévio em 13 pacientes, 10 de parede Inferior e 03 de parede Anterior; Cardiomiopatia Dilatada em 09 pacientes, 07 com Fração de Ejeção menor que 40%; Cardiopatia Hipertensiva em 05 pacientes, todos com função ventricular esquerda normal e por fim em 15 pacientes não havia evidência de cardiopatia de base sendo a arritmia de caráter Idiopática. Resultados: A incidência global do Potencial Tardio Ventricular foi elevada e significativa: 47% (20 de 42). A análise dos subgrupos evidenciou Potencial Tardio Positivo em 77% na Cardiomiopatia Dilatada (7 de9),todos com Fração de Ejeção menor que 40%; 61,5% na Cardiopatia Isquêmica (8 de 13),independente da região acometida, Inferior 60% (6 de 10) e Anterior 66,6% (2 de 3); 20% na Cardiopatia Hipertensiva (1 de 5) e 26,6% na Idiopática (4 de 15).

Conclusão: O estudo do Potencial Tardio Ventricular é determinante da presença de substrato arritmogênico para Reentrada nos pacientes com Arritmia Cardíaca Ventricular Significativa, estando mais evidente nos subgrupos de Cardiomiopatia Dilatada, especialmente se Fração de Ejeção abaixo de 40% e Cardiopatia Isquêmica independente da região do infarto prévio. Na Cardiopatia Hipertensiva não houve evidência do Potencial Tardio Ventricular como substrato arritmogênico de forma significativa. Nas arritmias de caráter Idiopático o Potencial Tardio Ventricular apresentou uma incidência elevada a ponto de selecionar os pacientes para prosseguir investigação ou tratamento. Portanto o estudo do Potencial Tardio Ventricular pela Eletrocardiografia de Alta Resolução poderá participar na estratificação de risco e orientar a investigação nos pacientes com Arritmia Ventricular. Estudos prospectivos futuros deverão esclarecer estas dúvidas.