Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

TL 257

Isquemia às Atividades Habituais e Prognóstico a Longo Prazo em Idosos com Isquemia ao Esforço e sem Disfunção Ventricular Acentuada

Marcelo E Ochiai, Mauricio Wajngarten, Rogério S De Paula, Lígia Pivotto, João B Serro-Azul, Antonio C P Barretto

Instituto do Coração do HCFMUSP, São Paulo, SP.

Fundamento: A maioria dos estudos sobre isquemia às atividades habituais e prognóstico foram realizados em populações com média etária abaixo de 70 anos. O significado prognóstico da isquemia às atividades habituais em idosos permanece não esclarecido.

Objetivo: estudar a influência da presença de isquemia às atividades habituais sobre o prognóstico a longo prazo de idosos com isquemia ao esforço e sem disfunção ventricular acentuada.

Delineamento: estudo observacional.

Material: 64 pacientes com média etária de 73 anos, portadores de doença aterosclerótica coronariana estável com fração de ejeção de ventrículo esquerdo maior que 40% e isquemia ao teste de esforço.

Métodos: os pacientes foram submetidos à monitorização eletrocardiográfica ambulatorial (Holter), com duração de 48 horas e divididos em dois grupos de acordo com a presença de isquemia. Após um seguimento com duração média de 48 meses, foram analisados a ocorrência de eventos cardíacos (infarto do miocárdio, angina instável, revascularização do miocárdio, angioplastia e morte de causa cardíaca) e o uso de medicamentos.

Resultados: A isquemia às atividades habituais detectada pelo Holter foi presente em 38 pacientes (59%). A incidência de eventos cardíacos foi de 36% ( 23 pacientes) e estatisticamente semelhante entre os grupos com e sem isquemia ao Holter (40% e 31% respectivamente). A ocorrência de infarto do miocárdio e morte de causa cardíaca foi estatisticamente menor nos pacientes com uso de beta-bloqueador (4% e 28%, p=0,02 pela análise).

Conclusões: Nesta população de idosos: 1) a presença de isquemia às atividades habituais é freqüente; 2) a incidência de eventos cardíacos é freqüente; 3) o uso de beta-bloqueador parece estar associado a menor incidência de eventos cardíacos. Apesar da maior incidência de eventos cardíacos no grupo com isquemia ao Holter, não foi verificada diferença estatística significante.