Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia
TL 333
Forma digestiva isolada da Moléstia de Chagas: disautonomia e disfunção
ventricular direita, com ventrículo esquerdo normal.
José A. Marin-Neto, Guilherme B. Marin, Antonio Pazin-Filho, Marcus V. Simões,
Benedito C. Maciel.
HC, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP, Ribeirão Preto, SP.
Objetivo: enquanto a disautonomia é responsável pelo desenvolvimento de
mega-esôfago e megacólon em pacientes (pts) com a Moléstia de Chagas (MC), não está
esclarecido como a disfunção parassimpática contribui para a ocorrência de lesão
miocárdica em pts com a MC. Este trabalho objetivou correlacionar tais alterações em
chagásicos com doença digestiva isolada.
Métodos: Estudados: 14 voluntários normais (NOR) , idade = 40.1± 9.3 e 14 pts
chagásicos com doença digestiva (CDD), idade = 43.9 ± 10.2 anos. Todos os pts com CDD
eram assintomáticos quanto ao sistema cardiovascular, e tinham exame físico, ECG-12 e de
esforço, RX de tórax e ecocardiograma bidimensional normais. Nos dois grupos a função
biventricular foi avaliada pela angiocardiografia nuclear de equilíbrio, em repouso,
calculando-se a fração de ejeção (FE) dos ventrículos esquerdo (VE) e direito (VD). O
controle autonômico cardíaco foi avaliado mediante análise das respostas de
freqüência cardíaca (FC) e pressão arterial sistêmica evocadas por teste postural
passivo, manobra de Valsalva e injeção endovenosa de fenilefrina. Os resultados (médias
e desvios-padrão) estão expressos abaixo como variações de FC ao teste postural (TPP =
bat/min), razão de Valsalva (RV), tempo para bradicardia após Valsalva (TBV = seg) e
sensibilidade baroreflexa arterial (SBRA= mseg/mmHg).
TPP RV TBV SBRA FEVE FEVD
NOR 21.2±6.4 1.8±0.5 10.1±2.5 20.2±6.8 67.5±7.9 52.8±5.5
CDD 9.5±8.3· 1.5±0.2# 15.7±5.2#
8.9±7.9# 63.4±11.7 47.6±12.8*
* P < 0.05 # P < 0.01 · P< 0.001
As respostas autonômicas individuais e os respectivos valores de FEVE e FEVD, não se
correlacionaram, exceto TBV e FEVD (r = 0.53, p = 0.05).
Conclusão: grave disfunção do controle parassimpático cardíaco ocorre na forma
digestiva isolada da MC, associada a moderada depressão ventricular direita, sem sinais
de envolvimento do VE, pelos métodos empregados.
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