Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 336

Cirurgia para Endomiocardiofibrose Melhora a Qualidade de Vida e a Preservação das Válvulas Reduzem a Morbidade e Mortalidade.

Antonio C P Barreto, Sérgio A Oliveira, Creusa Dal Bó, Noedir Stolf, Charles Mady, Edmundo Arteaga, Giovanni Bellotti.

Instituto do Coração-HCFMUSP - São Paulo - São Paulo

 

Objetivo: A cirurgia é hoje reconhecida como tratamento capaz de reduzir os sintomas e a alta mortalidade dos portadores de endomiocardiofibrose (EMF). Apesar do benefício, a cirurgia clássica com ressecção da fibrose e troca das valvas atrioventriculares convive com mortalidade em torno de 20 a 30%. A cirurgia com preservação das válvulas parece reduzir esta mortalidade. Neste trabalho comparamos os resultados destas duas formas de tratamento a grupos de pacientes sintomáticos não operados.

Método: 135 pacientes sintomáticos (CF III/IV) com idade variando entre 5 e 60 anos (média 36,5) sendo 96 do sexo feminino. 88 foram operados sendo 45 pela cirurgia clássica e 43 pela com preservação das válvulas, 47 por razões diversas não foram operados. Através da análise estatística comparou-se a situação clínica pré e pós operatórias e construiu-se as curvas de sobrevida para os 3 grupos.

Resultados: Do ponto de vista funcional a cirurgia determinou importante melhora clínica com a CF passando de 3,6 para 2,5, semelhante para os dos grupos cirúrgicos, fato não observado no grupo clínico. Pacientes com comprometimento do VE tem melhora mais expressiva. Neste período de estudo ocorreram 49 óbitos, a maioria no grupo clínico. Curvas de sobrevida mostram que a cirurgia com preservação das válvulas reduz a mortalidade, observando-se sobrevida em 4 anos de 87,6%, enquanto com a cirurgia clássica foi de 61% e para o grupo clínico de 51,5% (p=0.0014). Importante ressaltar que 9% foram reoperados para troca das próteses.

Conclusão: Pacientes sintomáticos devem ser operados, pois a cirurgia reduz os sintomas e aumenta a sobrevida. A cirurgia preservando as válvulas é possível na quase totalidade dos casos (93%) reduzindo a mortalidade da cirurgia clássica e aumentando mais a sobrevida dos portadores de EMF.