Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

TL  359

Refluxos "Fisiológicos" Detectados ao Ecocardiograma Transesofágico em Pós-Operatório de Biopróteses Mitrais

Orlando Campos Fo, Cláudio H Fischer, Cristiano V Machado, Adriana Cordovil, Wilson Mathias Jr., José L Andrade

Escola Paulista de Medicina - UNIFESP, São Paulo - SP

 

Fundamentos: Refluxos "fisiológicos" têm sido descritos ao ecocardiograma transesofágico (ETE) de próteses mecânicas normais.

Objetivo: Caracterização de refluxos "fisiológicos" em biopróteses mitrais normofuncionantes no pós-operatório intra-hospitalar.

Delineamento: Estudo prospectivo.

Material e Métodos: 27 pacientes consecutivos, em fase estável de pós-operatório, submeteram-se ao ETE eletivo em torno do 10o dia de implante de bioprótese mitral (22 IMC, 5 Biocor). Avaliaram-se ocorrência, localização e magnitude dos refluxos mitrais.

Resultados: As 27 biopróteses mitrais apresentaram folhetos com aspecto e mobilidade normais ao ETE. O mapeamento de fluxo em cores revelou refluxo em 25 pts (93%), sendo transprotético livre em 19 (76%) e paraprotético mural em 13 (52%), isolados ou associados. Foram considerados mínimos em 14 (56%), discretos em 9 (36%) e discretos a moderados em 2 (8%). As áreas absoluta e relativa do jato foram menores nos refluxos transprotéticos centrais (0,7 ± 0,4cm2, correspondendo em média a 2,3% do átrio esquerdo), comparadas com os refluxos paraprotéticos excêntricos murais (2,1 ± 1,6cm2 ou 7,4% do átrio esquerdo, p < 0.0001). Na evolução pós hospitalar, todos (exceto 3 miocardiopatias) estavam em tipo funcional I, livres de complicações no período médio de 3 meses.

Conclusão: Refluxos "fisiológicos"são comuns no pós-operatório recente de biopróteses mitrais. São de pequena magnitude, sem significado hemodinâmico. Embora discretos, jatos paraprotéticos tendem a ter maior extensão do que os centrais. O conhecimento destes achados é fundamental para evitar falso diagnóstico de disfunção de biopróteses mitrais nesta fase de pós-operatório.