Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 373

Modulação Metabólica do Infarto Agudo do Miocárdio. Estudo GIK (Glicose-Insulina-Potássio).

Ari Timerman, em nome dos Investigadores do Estudo GIK. São Paulo, SP.

Centro Coordenador (Rosário, Argentina e São Paulo, Brasil).

 

Fundamento: A hipótese da proteção metabólica do miocárdio isquêmico, proporcionado pela infusão de glicose-insulina-potássio (GIK) em portadores do infarto agudo do miocárdio (IAM), embora já testada no passado, ainda não foi adequadamente avaliada.

Objetivo: Estudar a praticabilidade da infusão da solução de GIK em na suspeita de IAM com até 24 horas de evolução num estudo randomizado, internacional, multicêntrico, com controle aberto.

Casuística e Métodos: O estudo prospectivo piloto GIK foi conduzido em 24 centros, em 5 paises (Argentina, Brasil, Chile, México e Venezuela), incluindo pacientes com até 24 h de evolução de um IAM, randomizando-os para 1 de 3 regimes terapêuticos de GIK (alta e baixa dose e controle).

Resultados: Foram alocados 407 pacientes, sendo: 135 dose alta (glicose 25% -500 ml, insulina 25U, KCl 40mEq: 1,5ml/kg/h em 24h), 133 dose baixa (glicose 10%-500ml, insulina 10U, KCl 20mEq: 1,0ml/kg/h em 24 h) e 139 controle. O diagnóstico foi confirmado pelas enzimas em 384 (94,3%). Terapêutica fibrinolítica foi utilizada em 252 (62%). A análise demográfica mostrou não haver diferenças entre os 3 grupos. Flebite importante foi reportada em 1,9% nos pacientes que receberam GIK. Não foram detectados sinais de sobrecarga volumétrica nos grupos tratados. A mortalidade hospitalar combinada (alta + baixa dose) e controle foi de 6,7% e 11,5% (RR 0,583; 95% IC = 0,307 - 1,108) e, quando analisada apenas no grupo que recebeu terapia fibrinolítica, de 5,2% e 15,2% (RR 0,342; 95% IC = 0,151 - 0,779).

Conclusão: Os resultados deste estudo piloto confirmam que a estratégia de modulação metabólica com a infusão de GIK nas primeiras horas de um IAM é simples e facilmente aplicável, os efeitos colaterais são discretos e não leva a um aumento da morbi-mortalidade. A surpreendente magnitude da redução de mortalidade encontrada em pacientes submetidos a reperfusão deve ser cautelosamente interpretada e avaliada num futuro grande estudo de mortalidade.