Temas Livres do LIII Congresso Brasileiro de Cardiologia

 

TL 390

Reprodutibilidade do Escore Eletrocardiográfico de Silvester na avaliação clínica de pacientes após infarto agudo do miocárdio.

Marcus V. Simões, Eduardo A. Rocha, Jaciara V. Carvalho, Rogério T. Tumelero, André Schmidt, Benedito C. Maciel, José Antonio Marin-Neto.

Divisão de Cardiologia - HC - FMRP - USP- Ribeirão Preto, SP.

 

Objetivos: O Escore Eletrocardiográfico de Silvester (EES) tem sido referendado, com base em comparações necroscópicas, como ferramenta adequada para estimar a área de necrose miocárdica após infarto. Contudo, seu cálculo envolve complexa análise do traçado eletrocardiográfico convencional o que pode comprometer o seu uso clínico. Objetivou-se testar a reprodutibilidade da aplicação do EES inter e intra-obervador.

Métodos: Foram avaliados prospectivamente 55 pctes exibindo critérios clínicos e eletrocardiográficos de IAM internados na nossa instituição entre maio e outubro de 1996. Foram excluídos da análise pacientes com bloqueio avançado do ramo direito (4 pctes) e do ramo esquerdo (3 pctes), os que faleceram precocemente (7 pctes) e 1 paciente com miocardiopatia dilatada. Desse modo, 40 (73%) dos pctes foram considerados adequados para análise do escore. Dois observadores independentes com formação cardiológica geral e experiência de dois anos em laudos diários de ECG aplicaram o EES de modo aleatório e cego em traçado de ECG de 12 derivações obitido 7 dias após infarto agudo miocárdio. Um dos observadores foi escolhido aleatoriamente para repetir a análise, de modo cego, dos mesmos traçados 15 dias após. Foram aplicados os teste de Spearman para análise de correlação e de Wilcoxon para testar a diferença entre os escores atribuídos.

Resultados: Preliminarmente, a análise de correlação apontou para uma adequada tendência de variação entre os escores atribuídos inter e intra-observador (p<0,01). Na análise inter-observador, o teste de Wilcoxon indicou diferença significativa entre os escores (p=0,023). Valores idênticos foram atribuídos em apenas 40% dos pacientes, tendo 20% dos escores discordado em > 3 pontos (equivalentes a >10% de massa miocárdica). Na análise da reprodutibilidade intra-observador não se detectou diferença significativa nos escores atribuídos (p = 0,84).

Comentários: Ainda que se constitua um meio barato e amplamente disponível para estimativa da necrose estabelecida tardiamente após IAM, o EES demonstrou pobre reprodutibilidade inter-observador o que deve limitar significativamente o valor deste método na prática clínica diária.