LIV Congresso da SBC - Recife, 19 a 22 de setembro


Notícias On Line

19/09 - Domingo

Dário Sobral: Coração já mata menos nas aumenta o número de doentes 

Da mesma forma que ocorreu nos países desenvolvidos, o Brasil está chegando ao ponto em que o coração começa a matar menos gente, graças aos avanços da Medicina e às novas tecnologias mas, em compensação, a morbidade está num crescendo e cada vez mais gente sofre de doenças cardíacas. Essa colocação é do presidente do LIV Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, para quem essa nova realidade representa um grande desafio para o médico que, além da missão curativa, passa a ter obrigação de prevenir as doenças, convencendo o paciente a mudar seu estilo de vida, para evitar que a doença se instale.

Esta é a grande mensagem do Congresso que está se realizando, à medida em que permite a atualização dos cardiologistas de todo o Brasil, que estão conhecendo os mais recentes estudos e conquistas da Cardiologia, transmitidos diretamente da fonte, pela boca dos maiores especialistas do mundo, especialmente convidados para falar no evento.

O otimismo do cardiologista pernambucano se explica pelos primeiros números registrados, mais de três mil inscritos no pré-congresso e 760 médicos participando do concurso para recebimento do título de Cardiologista, um número recorde, resultado da crescente importância da especialidade. Essa nova geração de cardiologistas é um reforço importante na luta do cardiologista para salvar vidas e para permitir que através de uma prevenção adequada, o País não tenha mais necessidade de gastar tanto em internações e cirurgias que poderiam ter sido evitadas.

O cardiologista voltado para a prevenção não poderá porém atender o cliente em cinco minutos, dar um remédio e simplesmente mandar o paciente voltar em 15 dias ou um mês, insiste Dário. Numa mudança de mentalidade que não diz respeito apenas ao médico, mas aos hospitais, aos serviços públicos e ao Governo, o cardiologista terá que conquistar o tempo de que precisa para convencer efetivamente o paciente a vencer os fatores de risco, a reduzir o estresse, a abandonar o fumo, a ter uma alimentação saudável.

O exemplo do presidente do Congresso é a hipertensão: apesar de 20% da população brasileira ser hipertensa, só metade sabe dessa condição, e dessa metade, apenas 50% se submetem a algum tipo de tratamento e dos que se submetem a tratamento, novamente apenas metade está sendo devidamente controlada por seu cardiologista. E o custo dessa lacuna é imenso, conclui Dário, pois um único dia de UTI de um hipertenso que não foi tratado e evoluiu para um enfarte, é muitíssimo mais caro do que o tratamento preventivo por anos a fio, e isso contando apenas o custo médico, sem levar em conta o prejuízo da sociedade como um todo, ao perder temporária ou mesmo permanentemente um elemento que foi longamente educado e preparado para dar décadas de retorno, muitas vezes desperdiçadas pela falta de uma prevenção adequada.