Inibidores da gliproteína iibiiia nas síndromes coronarias agudas
No Domingo tivemos pelo menos tres apresentações entre
controvérsias, simpósio USCAS e atualização cardiovascular e várias apresentações
de temas livres abordando os inibidores da gliproteína iibiiia nas síndromes coronarias
agudas, em função do que dedicamos esta revisão, na Internet para que possamos
sedimentar as informações do LVI Congresso Brasileiro de Cardiologia.
Plaquetas exercem uma função crítica na hemostasia normal,
prevenindo perda continua de sangue depois de uma injúria vascular. Entretanto, plaquetas
também contribuem diretamente para trombose vascular, esta relação constitui o racional
para o uso de agentes antiplaquetários no tratamento da doença arterial coronariana.
Ativação plaquetária pode ser feita via uma variedade de mediadores
farmacológicos e mecânicos, levando a adesão plaquetária e finalmente a agregação. A
abilidade das plaquetas para aderirem em superfícies anormais e agregar é mediado por um
receptor glicoproteína na membrana de superfície da plaqueta. Este receptor pode ser
expressado em vários números, e servem com alvos potenciais para terapia.
O receptor plaquetário glicoproteína IIbIIIa é de particular
interesse, visto que é fundamental para a agregação plaquetária, e sua inibição
seria um ponto chave no tratamento da trombose, e assim sendo, da Síndrome Isquêmica
Aguda.
ABCIXIMAB é um inibidor da gliproteína IIbIIIa de primeira geração.
Vários trials duplo-cego, placebo controlado têm sido feitos com esta droga.. No estudo
EPIC foram randomizados 2099 pacientes de alto risco (Angina instável severa, IAM não Q,
ou pacientes com anatomia de alto risco), que estavam sendo tratados com aspirina e
heparina e se submeteriam à angioplastia coronariana (ACTP) ou aterectomia, para
receberem placebo ou abciximab (bolus + infusão contínua de 12 horas). Houve redução
da ocorrência de morte, IAM, ou necessidade para uma urgente inervenção de 35%. Depois
de seis meses os resultados mostravam benefícios também. O maior benefício era
observado em pacientes com angina instável refratária e IAM não Q. O estudo EPILOG
mostrou também benefício no uso do abciximab em pacientes que se submeteram eletivamente
ou urgentemente para revascularização coronariana percutânea. O estudo CAPTURE
verificou que o abciximab era superior ao tratamento convencional (nitrato+heparina+AAS)
somente em pacientes com lesões complexas na coronariografia (tipo >B2). O RAPPORT foi
feito em pacientes com IAM com elevação do segmento ST, com duração menor que 12
horas, que submeteram-se à intervenção coronariana à seguir, mostrou benefícios com o
uso do abciximab em comparação ao placebo, evidenciando redução na incidência de
morte, reinfartos, de revascularizações em caráter de urgência, e na necessidade de
uso de stent, na fase inicial. Depois de 6 meses não houve diferença entre os dois
grupos em desfechos compostos, porém havia significativa redução na incidência de
morte, reinfarto e com redução muito pronunciada na necessidade de revascularização. O
estudo ADMIRAL mostrou basicamente os mesmos resultados que o estudo anterior.
Outro inbidor da gliproteína IIbIIIa intravenoso, intensamente
avaliado com grandes estudos é o Tirofiban. No estudo RESTORE de 2139 pacientes com
síndrome isquêmica aguda que se submeteram a intervenção coronariana dentro de 72
horas da chegada no hospital, foi comparado o uso de tirofiban versus placebo, o tirofiban
era dado em bolus+infusão contínua por 36 horas. Todos pacientes receberam heparina e
aspirina. Os desfechos primários compostos (morte, IAM, necessidade de revascularização
miocárdica cirúrgica e de stent por falha da ACTP, isquemia recorrente requerendo nova
ACTP) depois de 30 dias eram reduzidos com tirofiban. Entretanto, em 30 dias e em 6 meses
não houve uma diferença significativa nos desfechos primários com tirofiban. O estudo
PRISM incluiu pacientes com angina instável ou com IAM não Q, todos pacientes receberam
aspirina e eram randomizados para tratamento com heparina ou tirofiban. Os desfechos
primários compostos (morte, IAM, isquemia refratária) eram reduzidas com tirofiban nas
primeiras 48 horas. Entretanto em 30 dias os desfechos eram similares nos dois grupos. O
que chamou atenção neste estudo é que em pacientes com Troponina I ou T positivas
(aumentada), o tirofiban mostrou melhores resultados do que a heparina, mesmo em 30 dias,
porém no grupo com troponina I ouT negativa , o uso de tirofiban não mostrou
superioridade em relação a heparina. O estudo PRISM PLUS mostrou que o uso de heparina +
tirofiban teve melhores resultados em relação ao desfechos primários, quando comparados
com tirofiban e heparina sozinhos em 30 dias. O grupo que recebia apenas tirofiban ,
inclusive apresentou excesso de mortalidade e foi prematuramente terminado. Não houve
diferenças no risco de sangramento maior ou trombocitopenia nos estudos RESTORE, PRISM, e
PRISM PLUS.
Outros inibidores da gliproteína IIbIIIa tem sido avaliados em grandes
estudos, o Eptifibatide foi avaliado nos estudos PURSUIT, IMPACT II e no IMPACT-IAM. O
Lamafiban uma nova classe de GP IIbIIIA também foi avaliado em dois grandes estudos, o
PARADIGM e o PARAGON. Os inibidores da GP IIbIIIa de uso via oral, em geral não mostraram
benefícios em relação ao controle. O impacto dos antagonistas da GP IIbIIIa em eventos
clínicos, pode ser vislumbrados na metanálise de 16 estudos randomizados placebo
controlados; comparado ao placebo, estes agentes produzem uma significativa redução na
mortalidade por 48 à 96 horas. Entretanto o absoluto benefício era somente uma morte
para cada 1000 pacientes tratados. Não houve benefício na mortalidade em 30 dias ou em 6
meses. Os benefícios eram similares com as diferentes indicações terapéuticas, isto
é, ACTP ou Síndrome Isquêmica Aguda. Para
desfechos combinados de morte ou IAM, havia significante benefício.
BIBLIOGRAFIA:
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