A ecocardiografia é um método diagnóstico não invasivo, de
    origem relativamente recente, mas que tem passado por uma série de inovações e
    complementações técnicas que traduzem uma constante evolução. As mais recentes
    tecnologias foram abordadas com muito sucesso por parte dos palestrantes, tendo em vista
    que tais tecnologias ainda não atingiu todos os centros de ecocardiografia e outras
    acompanham apenas os aparelhos mais modernos. A seguir serão comentadas as principais
    inovações.
    
      
        
          
            Ecocardiografia de contraste
          
        
      
    
    Baseada na utilização de contraste ultra-sônico, que nada mais são
    do que microbolhas, com o diâmetro semelhante ao das hemáceas, que determinam uma melhor
    defição das cavidades e paredes miocárdicas, e quando associado a segunda harmônica
    permite uma real avaliação e quantificação da perfusão miocárdica.
    As diferentes características acústicas das microbolhas estão na
    dependência do seu tamanho, composição de sua membrana e do tipo de gás no seu
    interior, o qual pode ser ar ou um fluorocarbono, sendo que este último determina uma
    melhor estabilização da bolha. Entre os agentes de contraste, estão a solução
    fisiológica (salina aerada) ou glicose 5%, agitadas manualmente, de grande utilidade na
    pratica clínica para avaliação de câmaras direitas, como na investigação de
    insuficiência tricuspide, visando a estimativa da pressão sistólica pulmonar e pesquisa
    de shunts em nível atrial (CIA, forâmen oval patente) ou intrapulmonar. Esta
    preparação não permite a opacificação de cavidades esquerdas devido a grande
    instabilidade destas microbolhas.
    Os agentes de contraste são classificados como de primeira ou segunda
    geração, levando em consideração a composição do ar no interior da microbolha. Entre
    os agentes de primeira geração temos o Albunex, constituído de microbolhas de ar
    revestidas de com albumina, o Levovist, composto em 99% de galactose e 0,1% de acído
    palmítico. O PESDA(Perfluorocarbon Exposed Sonificated Dextrose Albumin)corresponde a
    agente de segunda geração e, é composto por albumina humana, soro glicosado 5% e o gás
    decafluorobutano. Entre os principais usos desses contrastes pode-se ressaltar:
    opacificação do ventrículo esquerdo com melhor definição do endocárdio, estenose
    aórtica, na insuficiência mitral, no estudo de perfusão miocárdica, permitindo avaliar
    contratilidade segmentar.
    A intensificação de contraste miocárdico, em tempo real, pode ser
    obtida com novos transdutores ( por exemplo o transdutor S3) e Power Modulation que
    permitem a visualização de agentes de contraste por todo o miocardio.usando a
    frequência fundamental (1,7MHz) para detectar agentes de contraste, uma vez que os sinais
    que retornam são maiores do que seriam usando a freqüência de harmônica. Os ecos
    recebidos pelos pulsos transmitidos com a metade da amplitude são duplicados e
    subtraídos do sinal total, removendo-se assim o sinal do tecido.O sistema então mostra o
    sinal restante, que é puro agente de contraste.
     
     
    Imagem harmônica 
    Essa técnica baseia-se no aproveitamento de frequências na faixa
    harmônica que, gradualmente, irão se formando com a passagem do ultra-som pelo
    coração, pelas suas diferentes interfaces. O equipamento com esta inovação utiliza
    seletivamente informações com freqüência harmônica, reduzindo os artefatos, e é
    especialmente útil em indivíduos obesos, portadores de DBPOC ou no pós-operatório de
    cirurgia cardíaca recente.
     
    Dopper tissular
    Esta técnica utiliza os princípios do doppler aplicados ao
    miocárdio, em vez de ao fluxo sangüíneo, permitindo a medida da velocidade de
    contração miocárdica. Essa medida de velocidade pode ser realizada em qualquer segmento
    ou poção deste (subendocárdio, epicárdio) e consta simplesmente da análise de três
    ondas, uma sistólica anterógrada Sm (positiva) e outras duas diastólicas negativas Em e
    Am, que correspondem aproximadamente, em localização temporal as ondas E e A do fluxo
    mitral. Sua aplicação clínica inclui diferenciação de padrão normal x pseudonormal
    de disfunção diastólica, avaliação da contração miocárdica, diagnóstico
    diferencial de constrição x restrição, detecção de rejeição aguda em transplante
    cardíaco e na diferenciação entre hipertrofia do atleta e miocardiopatia hipertrófica.
     
    Ecocardiografia tridimensional
    Embora ainda não difundida na pratica clínica, é considerada padrão
    ouro, juntamente com a ressonância magnética, na avaliação quantitativa e qualitativa
    da função sistólica global e segmentar do ventrículo esquerdo. As principais
    indicações para sua realização são a avaliação de volumes, massa e função
    ventricular tanto de VD como VE; valvulopatias, cardiopatias congênitas, massas
    intracardíacas e diagnóstico de cardiopatia isquêmica. Pode ser realizada tanto em
    adultos como em crianças utilizando janela transtorácica ou transesofágica. 
     
     
    A ecocardiogafia encontra-se em constante aperfeiçoamento, andando
    juntamente com a evolução tecnológica do mundo. Entre estas novas técnicas já citadas
    pode-se também incluir a quantificação acústica de bordos, a ecocardiografia digital e
    outras que não demorarão a despontar em nosso meio alimentando esta constante
    renovação.
     
    Bibliografia
    -Hatem D. M., Haertel J.C. ; Visão Futura da Ecocardiografia. Rev.
    Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul, ano III, 1999; 3: 78-83.
    -Hundley W.G., Kizilbash A.M., Afridi I.; Administration of an
    Intravenous Perfluorocarbon Contrast Agent Improves Ecocardiographic Determination of Left
    Ventricular Volumes and Ejection Fraction: Comparison With Cine Magnetic Resonance
    Imaging. J. Am Coll Cardiol 1998; 32:1426-32 
    - De Castro S., Yao J. Pandian N.G. Three-dimensional Echocadiographi:
    Clinical Relevance and Aplication. Am J Cardiol, 1998; 81(12A): 96G-102G