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Epidemiologia e Prevenção em Cardiologia

 

Epidemiologia é uma disciplina de investigação das doenças determinadas e seus determinantes em populações. A Epidemiologia clínica é uma ciência que tem como propósito básico promover métodos de observação clínica que levem a conclusões válidas.

A Epidemiologia invadiu as nossas vidas, sem pedir licença, guia nossas decisões médicas e , é claro, com embasamento teórico, seguindo sempre evidências de grandes estudos "Trials". Com o surgimento dos trabalhos de observação clínica, randomizados e com grande número na amostragem, foi possível determinar com mais segurança alguns fatores de risco. Graças a esta nova visão da Medicina baseada em evidências estamos mudando o curso natural de várias doenças, atuando na área de prevenção primária, secundária e terciária.

Convém deixar bem estabelecido o que se deve considerar como prevenção primária, secundária e terciária:

prevenção primária: é fazer a prevenção de uma doença em uma população que ainda não é portadora dessa doença;

prevenção secundária: é fazer a prevenção de uma doença em uma população que já é portadora desta doença, mas não sabe e mesmo não tem sintomas dela;

- prevenção terciária: é agir em uma população já portadora da doença e com manifestação dela.

Prevenção primária da cardiopatia isquêmica é cuidar e corrigir os fatores de risco em uma população não portadora. Prevenção secundária é tratar uma população que até então ignorava ser portadora de cardiopatia isquêmica, pois não tinha manifestações clínicas e em exames anteriores nunca havia se manifestado. E prevenção terciária é identificar os coronarianos por meio de suas queixas, de exames ou pelo aparecimento de complicações, tratá-los para prevenir novas complicações e estabilizar o quadro isquêmico.

A Epidemiologia atua nos fatores de risco, ou seja, atua nos modificáveis: fumo, dislipidemias, hipertensão arterial, hipertrofia ventricular esquerda, fenômenos embólicos, diabetes, sedentarismo, obesidade, menopausa, fatores psicológicos, lipoproteina (a), álcool e antioxidantes; pois os não modificáveis consistem de idade, sexo e antecedentes familiares.

A mortalidade por doença cardiovascular no Brasil é de 34,5%, dos quais 1/3 é por cardiopatia isquêmica. Outro dado de mortalidade é fornecido pelo próprio Ministério da Saúde; as doenças que mais matam no Brasil são: infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca.

Com seu caráter investigatório, a Epidemiologia nos ajuda a tentar desvendar grandes paradoxos da Medicina, como por exemplo, o paradoxo francês que aborda o aumento da mortalidade por doença arterial coronariana em populações que consomem muito álcool, exceto na França; relacionando estes achados ao tipo de bebida consumida - o vinho tinto- que contém compostos fenólicos com atividade anti-oxidante; Outro exemplo atual é a terapia de reposição hormonal que deixa bem claro os riscos e benefícios desta nova modalidade terapêutica, estratificando os pacientes que melhor se beneficiaram, principalmemte visando as queixas ginecológicas.

É preciso seguir a rápida evolução da Medicina baseada em evidências, para continuarmos sempre atualizados e aproveitarmos as facilidades que os tempos modernos nos oferecem, sempre, é claro, com o espírito crítico para analisarmos cada nova informação; espírito este que a Epidemiologia desenvolveu

 

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