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Como prescrever exercício na insuficiência cardíaca

Até os anos 60-70, recomendava-se repouso de três semanas aos pacientes que se recuperavam de IAM, baseando-se no pressuposto de que o repouso facilitaria o processo de cicatrização do miocárdio.

Entretanto, observou-se que o repouso prolongado no leito resultava em alguns efeitos deletérios e a atividade física promovia vantagens.

Efeitos deletérios do repouso prolongado no leito

Redução da capacidade funcional

Redução da volemia

Redução do rendimento cardíaco

Alteração dos reflexos cardíacos

Predisposição ao tromboembolismo pulmonar

Redução da massa muscular

Aumento da depressão e ansiedade

Efeitos benéficos do condicionamento físico:

 

Ä Redução da pressão arterial Ä Aumento da lipoproteína de alta densidade (HDL) Ä Redução de triglicerídeos Ä Auxílio na redução do peso corporal Ä Melhora da intolerância à glicose Ä Redução de catecolaminas circulantes Ä Aumento do leito arterial coronário Ä Diminuição da adesividade plaquetária Ä Promoção de efeitos psicológicos benéficos

Diminuição da depressão

Redução da ansiedade

Efeitos Fisiológicos do Exercício

Efeitos Diretos 3 Bradicardia em reposo 3 Redução da PA (8 a 10 mmhg da PA sistólica e diastólica) 3 Aumento do tonus venoso periférico 3 Expansão do volume plasmático

 

Efeitos Indiretos

3 Redução dos fatores de risco cardiovasculares 3 Fortalecimento muscular esquelético 3 Mudanças no estilo de vida

 

 

Fisiopatologia Do Exercício Na Insuficiência Cardiaca

Programas de condicionamento físico resultam em melhora da capacidade funcional, redução da freqüência cardíaca, pressão arterial sistólica e concentração plasmática de catecolaminas em intensidades sub-máximas de exercício.

Após programas de treinamento, o consumo de oxigênio do miocárdio é menor a uma mesma intensidade de exercício e os pacientes podem tolerar intensidades maiores de esforço sem apresentar evidências de isquemia miocárdica

alterações vasculares

músculo-esqueléticas e reflexas

redução atividade simpática.

 

Contra indicações para reabilitação cardíaca.

Angina instável

Pressão arterial sistólica em repouso > 180 mmHg ou pressão arterial diastólica de repouso > 110 mmHg

Hipotensão ortostática com queda sintomática da pressão sistólica > 20 mmHg

Estenose aórtica grave

Enfermidade sistêmica aguda ou febre

Arritmias não controladas

 

Freqüência cardíaca de repouso > 100 bpm

Insuficiência cardíaca descompensada

Bloqueio atrio-ventricular de sugundo grau e avançados (sem marcapasso)

Pericardite ou miocardite em atividades

Tromboembolismo embolismo recente

Trombose venosa profunda

ECG com desnivelamento do segmento ST > 2 mm

Problemas ortopédicos graves

Diabete melito não controlado

Outros problemas metabólicos

 

Pacientes de risco elevado

 

Dois ou mais infartos do miocárdio

Classe funcional > III da New York Heart Association

Capacidade funcional < 6 METs

Disfunção ventricular esquerda em repouso.

Depressão do segmento ST > 3 mm ou angina durante o exercício

Queda da pressão arterial sistólica durante o exercício

Episódio prévio de parada cardio-respiratória

Taquicardia ventricular durante o exercício em intensidade < 6 METs

Incapacidade de auto-avaliação de esforço.

Outras condições clínicas com risco de vida

 

 

Princípios gerais da sessão de reabilitação

Período de aquecimento - consiste de 5min de caminhadas, exercícios de flexibilidade e exercícios localizados de baixa intensidade e utilizando pequenas massas musculares

Período aeróbico -duração de 20-30min ou mais de atividade física com intensidade constante ou variada, utilizando grandes grupos musculares

Período de desaquecimento - objetiva um retorno gradativo às condições de repouso através de exercício de alongamento e caminhadas leves, durando cerca de 5 a 10min.

 

Como prescrever exercício na Insuficiência Cardíaca

Recursos terapêuticos plenos:

  • IECA
  • Diurético
  • Espironolactona
  • Betabloqueador - carvedilol/ metoprolol
  • Digital se necessário
  • Compensado i.e. seco
  • Prescrição de exercício e acompanhamento individualizado - avaliação acurada

 

Tipo De Exercício

Exercícios aeróbicos

movimentos cíclicos que envolvam grandes grupos musculares

exercícios do tipo resistido localizado

Duração

Gradualmente aumentada de acordo com a resposta clínica.

Iniciar com 15 minutos

Aumentar semanalmente 5 minutos conforme a tolerância

Introduzir exercícios resistidos após 2-3 semanas - 3-4 séries de 15 repetições ou 60 segundos.

Freqüência

Na fase inicial recomenda-se duas sessões diárias.

Fase plena uma sessão diária 3-5 vezes por semana.

Intensidade

Carga de trabalho correspondente a 50-80% do pico de consumo de oxigênio ou da carga máxima.

70-85% da freqüência cardíaca máxima (FC máxima)

Percepção de esforço de 12 a 16 pela escala de Borg (10 bpm abaixo do ponto em que correram alterações no teste de esforço )

Limitação com base no limiar anaeróbico e -10% do ponto de descompensação respiratória.

Exercícios Resistidos

Sugere-se trabalhar na faixa de 60% e 80% da força máxima atingida.

Progressão da atividade leva em consideração:

freqüência cardíaca

pressão arterial

escala de percepção de Borg

 

Como prescrever exercício na Insuficiência Cardíaca

Aquecimento - 5-10 minutos de alongamento

Fase aeróbica - 20-25 minutos de caminhada ou cicloergômetro com intensidade de acordo com o limiar anaeróbico, com 2-5 minutos de recuperação.

Exercícios localizados - sessão de 10 a 15 minutos de exercícios de resistência muscular localizada, envolvendo os membros superiores, inferiores e tronco

Relaxamento - 5 minutos

 

 

Remodelamento VE e exercício

Os efeitos da isquemia aguda e recorrente na função ventricular estão bem estabelecidos

No entanto os efeitos da isquemia, que ocorre durante exercício, sobre o remodelamento ventricular após IAM são temas polêmicos.

Estudos publicados com Remodelamento adverso

Jugdutt et al. J.Am.Coll.Cardiol, 1988

Estudos publicados Sem remodelamento adverso

Gianuzzi, et al (EAMI) J.Am.Coll.Cardiol. 1993

Gianuzzi, et al (ELVD) Eur.Heart J 1995

Cannistra, et al Circulation 1995

Dubach, et al Circulation 1997 and JACC 1997

Belardinelli R, et al Circulation 1999

 

 

Custo Efetividade Da Reabilitação

A reabilitação cardíaca é intervenção classificada em < $ 5.000/ QUALY

Comparada com outras intervenções após IAM, como: revascularização miocárdica, trombólise, tratamento com b -bloqueadores, inibidores da enzima de conversão, estatinas e antiplaquetários.

Somente a cessação do tabagismo é mais custo efetiva do que a reabilitação cardíaca.

 

 

Conclusões

Aumento da capacidade funcional, redução de sintomas, benefício psicológico, auxílio no controle de fatores de risco, retorno mais precoce ao trabalho e aumento da sobrevivência justificam o emprego sistemático da reabilitação na cardiopatia isquêmica, mesmo nos pacientes com insuficiência cardíaca. A orientação fundamental a ser dada pelo cardiologista ao seu paciente é de que reabilitação não se limita a programas formais e sofisticados, mas a uma mudança do estilo de vida, abrangente em relação aos fatores de risco controláveis, e marcada convivência com movimentos de qualquer espécie em relação às atividades cotidianas.

 

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