Atualização Curricular: Fármacos alternativos à epinefrina na ressuscitação
cardiopulmonar (RCP)
Sabe-se que na RCP à tórax fechado as pressões intravasculares
dentro do tórax são semelhantes durante as compressões externas, sendo, portanto,
virtualmente nula a possibilidade de fluxo coronário nessa condição.
O fluxo sangüíneo para o miocárdio está na dependência da pressão
diferencial no leito coronário dividido pela resistência vascular. O fluxo coronário
anterógrado durante as manobras de ressuscitação cardiopulmonar a tórax fechado ocorre
principalmente durante a fase de relaxamento (descompressão) e é determinada pelo
gradiente de pressão através do miocárdio, isto é, a diferença entre a pressão
diastólica na raiz da aorta e a pressão diastólica no átrio direito. Portanto a única
maneira efetiva de se promover fluxo sangüíneo miocárdio durante as compressões
torácicas externas seria pelo aumento do tônus arterial periférico, elevando-se a
pressão na raiz da aorta e criando-se um diferencial pressórico aorta-atrio direito.
Com essa finalidade, diversos fármacos simpaticomiméticos com potente
atividade alfa-adrenérgica, como a adrenalina, a fenilefrina, e a metoxamina, têm sido
estudados nas últimas três décadas.
Até a pouco permanecia a adrenalina como o fármaco padrão para uso
nessa condição clínica.
Em breve, outros agentes substituirão a adrenalina?
Considerando-se que a parada cardíaca e a RCP são os estados
clínicos de máximo estresse biológico conhecidos, estando associados aos mais elevados
níveis plasmáticos documentado tanto de adrenalina como de noradrenalina; que, durante
os estados de hipoxia grave, acredita-se existir "depressão" dos receptores
alfa-1 adrenérgicos; e que o aumento da pressão de perfusão coronária é de vital
importância para a restauração da circulação expontânea durante as manobras de RCP
à tórax fechado, teoricamente qualquer substância vasopressora , mesmo não
adrenérgica, poderia ser útil nessa condição. De fato, recentemente, agentes
vasopressores não adrenérgicos, como a angiotensina II e a Vasopressina, têm sido
estudados como fármacos coadjuvantes na RCP, demonstrando ser altamente efetivos em
aumentar a pressão de perfusão coronária e as taxas de restauração da circulação
expontânea. Em publicação recente , Lindner et al. relataram os casos de oito
pacientes com parada cardíaca refratária às manobras terapêuticas tradicionais, que
foram tratados com administração por via EV, em bolo, de 40U de arginina-vasopressina e
desfibrilados quando necessário. Após a administração de vasopressina , a circulação
expontânea foi prontamente restaurada em todos os pacientes, e três deles receberam alta
hospitalar com funções neurológicas intactas. Dessa forma, tendo em vista os maus
resultados atualmente obtidos com o uso de vasopressores adrenérgico na RCP, o uso de
vasopressina na RCP, em humanos, encontra-se plenamente justificado. E por esta razão nas
novas diretrizes da American Heart Association de 2000, receberá classificação
I.