- A importância da abordagem não farmacológica na redução da pressão arterial 
 
  Dr. Paulo César Jardim começou mostrando o efeito da terapia
  anti-hipertensiva na redução de eventos. Uma redução de 5-6mmHg na PAD diminui em 42%
  a incidência de AVE e de 14% em DAC. Mostrou um novo paradigma, relatando que os valores
  numéricos são apenas a "ponta do iceberg"e que a presença de fatores de risco
  mais lesões em órgãos alvo são fundamentais para as doenças cardiovasculares.
  Enfatizou a modificação do estilo de vida (MEV), a diminuição da PA
  individualmente, a diminuição na necessidade de drogas e maximizar efeitos, atuar sobre
  fatores de risco e prevenção primária de HAS nas doenças associadas.
  Quanto a MEV ressaltou a diminuição na ingesta de sal, diminuição
  no peso, interromper tabagismo, fazer atividade física regular, controle da dislipidemia,
  diminuição do consumo de álcool, aumento na ingesta de fibras, controle dos níveis
  glicêmicos,medidas antiestresse e evitar dorgas que amentem os níveis tensionais. Estas
  modificações são recomendadas para todas as pessoas independentes de serem hipertensas.
  Sal x HAS:
  A ingesta aumentada de sal causa hipertrofia do ventrículo esquerdo
  (HVE), diminui elasticidade dos vasos, aumenta risco de AVE, aumenta incidência de
  glomeruloesclerose, aumenta proteinúria, aumenta PA com a idade e diminui os efeitos
  antihipertensivos de fármacos.
  A diminuição da ingesta de sal para 4,7 a 5,8g/dia diminui a PAS em
  4-6mmHg.
  75% do sal da dieta provém de alimentos industrializados. 
  Algumas dicas para orientar aos pacientes: evitar enlatados, conservas
  e embutidos, defumados, saleiros na mesa. Foi enfatizado o incentivo a ingesta de
  alimentos naturais e pouco sal no preparo dos alimentos. 
  Peso X HAS:
  A diminuição de 4,5Kg diminui a PA em média 5,4/2,4 mmHg,
  diminui colesterol, diminui resistência a insulina, diminui atividade da renina, diminui
  débito cardíaco. A diminuição de 4,5Kg tem efeito semelhante ao uso de atenolol ou
  clortalidona isolados.
  Algumas dicas para o manejo da obesidade: identificar através do IMC o
  peso adequado do paciente, identificar com o paciente a sua dieta real, traçar objetivos
  de peso e prazos com o paciente, dar suporte psicológico e discutir com o paciente
  eventual uso de drogas.
  Tabagismo:
  O tabagismo é a maior causa de morte modificável. Apesar de não
  possuir uma relção direta com a HAS, é recomendado a sua interrupção. Sabe-se que a
  maneira mais eficaz do abandono é o aconselhamento do médico, porém dados mostram que
  apenas 30% dos médicos o fazem. A interrupção súbita é o modo de maior sucesso,
  quanto mais tentativas o paciente já teve de interromper maior será a chance de sucesso.
  O uso de substitutos de nicotinas podem ser usados eventualmente.
  Atividade física regular x HAS:
  Sabe-se que os sedentários tem maior risco de morte por doença
  cardiovascular. Recomenda-se caminhadas rápidas e confortáveis, qualquer atividade
  aeróbica é útil, atividades isométricas não são benéficas. A frequência cardíaca
  para os exercíciosé de 60-80% da FCM (220-idade).
  Dislipidemia:
  Deve-se normalizar o peso, aumentar ingesta de fibras, diminuição
  da ingesta de álcool, aumento da atividade física. Evitar leite integral e derivados,
  carnes vermelhas (gordas), gema de ovo, frituras, frutos do mar, miúdos e embutidos.
  Álcool x HAS:
  A ingesta aumentada de álcool é fator de risco para HAS, aumento
  da resistência ao tratamento anti-hipertensivo e aumenta o risco de AVE. Os limites para
  a ingesta de álcool são 30 ml de etanol ( 720ml de cerveja, 300ml de vinho e 60 ml de
  destilados), importante ressaltar que para as mulheres a dose é a metade.
  Finalizou a palestra ressaltando que o processo de MEV é lento e deve
  dar ao paciente conhecimento básico, habilidade prática e atitudes firmes.
   
   
  
  - Maximizando o benefício do tratamento da hipertensão arterial
 
  Dr. Sérgio Kaiser começou mostrando dados do NHANES III, onde menos
  de 30% dos pacienentes tinham a sua PA controlada. Dados da Austrália mostram que as
  mulheres têm índices de controle da PA semelhantes ao do Zaire ( em torno de 5%). No
  Brasil, apesar de não existirem dados consistentes sabe-se que o controle da PA é
  inferior aos dados do NHANES.
  Citou diversas razões para o não controle da PA: 
  Não observância a terapia não farmacológica:
  Estudos sobre efeitos do treinamento anaeróbico sobre a PAS
  mostram que em hipertensos há uma diminuição de 11mmHg, já nos pacientes normotensos o
  efeito não foi significativo. 
  Em uma metaanálise dos principais estudos sobre o efeito da
  diminuição da ingesta de sal mostrou que é mais expressivo em hipertensos idosos e um
  menor efeito em hipertensos jovens.
  A modificação na dieta produz efeitos modestos e não se sabe se são
  persistentes.
  Citou o estudo TONE que avaliou a diminuição de peso e diminuição
  na ingesta de sal nos pacientes que pararam com terapia farmacológica, verificando que
  após 30 meses da interrupção, 40% destes pacientes necessitaram retorno a terapia
  farmacológica.
  No estudo Nurses Healthy Study sobre prevenção primária em eventos
  vasculares. Neste estudo foi verificado que pacientes com 5 baixos fatores de risco ( não
  fumar, consumo moderado de álcool, atividade física, IMC<25 e dieta saudável) que
  correspondiam a somente 3,1% dos pacientes do estudo foi verificado uma diminuição de
  80% no risco de DAC e AVE. E foi verificado que quanto menos baixos fatores de risco,
  maior propensão a eventos.
  Subtratamento:
  
  A terapia anti-hipertensiva em idosos diminui eventos fatais e não fatais, porém os
  idosos são subtratados, devendo esta classe receber maior atenção devido a perspectiva
  de aumento na expectativa de vida.
  Comorbidades e Polifarmácia:
  Existe uma discrepância entre o prescrito e o fármaco
  efetivamente tomado.Em estudo mostrado foi visto uma discrepância de 76% e que 29% dos
  pacientes não estavam tomando e 20% não ingeriam pelo menos um dos fármacos prescritos.
  Os fatores associados a esta situação são mais de um médico responsável sobre o
  paciente, maior número de medicamentos prescritos.
  Comunicação:
  A introdução de programas educativos melhora a adesão e diminui
  a mortalidade. Foi ressaltado que há muito poucos estudos sobre a não aderência ao
  tratamento. Mostrou 6 estudos, onde apenas 3 deles mostrava modificação na observância
  e somente 1 modificou desfechos.
  Escolha inadequada da terapia ou insistência na monoterapia:
  A tendência é que os pacientes necessitem cada vez mais de drogas
  com o passar do tempo. Estudos com pacientes recebendo monoterapia, mostraram que o
  diltiazem em doses máximas conseguia controlar a PA em 66% dos pacientes, mas os dados
  gerais mostram que pouco mais da metade são controlados com monoterapia e que a troca por
  um outro fármaco não é efetiva e sim a associação seria considerada, pois o efeito da
  combinação nesta condição é superior.
  Foi ressaltado também o efeito tóxico das drogas em monoterapia e que
  a associação diminui estes efeitos.
  Conformidade do médico com objetivos fora das diretrizes:
  O estudo UKPDS mostrou que os hipertensos diabéticos que
  controlaram a PA em níveis inferiores a 120/80 tem melhor controle na diminuição de
  eventos e sabedores destes valores deve-se buscar sempre o melhor controle.
  Inadequação de doses ou posologia antihipertensiva:
  O estudo LIVE avaliou o uso de indapamida versus enalapril.
  Avaliaram 411 pacientes em 9 meses de seguimento, verificando que o efeito sobre a PA foi
  semelhante nos dois grupos, porém, foi visto uma regressão maior da HVE no grupo
  indapamida. Este fato explicou-se pelo fato de os pacientes receberem enalapril 20mg em
  dose única diária não mantendo assim os efeitos do controle da PA em 24 horas, ao
  contrário da indapamida, mostrando o benefício do controle da PA por 24 horas.
  Finalizou a palestra mostrando as estratégias para o controle da PA:
  motivação do paciente, estímulo a equipes multidisciplinares, disseminação de
  diretrizes para os médicos, individualização da terapia, uso de terapia em
  combinação, pesquisa de novos fármacos, programas de fonecimento gratuíto de
  medicação e estímulo a prevenção primária na infância e adolescência.
   
  3  Impacto das diretrizes em hipertensão arterial na prática
  médica:
  Dr. Wille Oigman começou a palestra mostrando que antes do advento
  do tratamento antihipertensivo maciço, na década de 70, já notava-se uma diminuição
  na taxa de eventos de AVE, provavelmente secundário ao advento da geladeira ( a partir
  daí uso de sal diminuiu)e da retirada do chumbo da gasolina ( responsável pelo aumento
  da PA). 
  A taxa de mortalidade cardiovascular no EUA vem aumentando,
  provavelmente secundário ao aumento da população idosa.
  Foi mostrado a efetividade do controle da PA em alguns países: EUA
  27%, Canadá 22%, Inglaterra 6%, França 24%.
  O manuseio da HAS tem inconsistência em 3 tópicos: Qual o limiar para
  a intervenção ( 140/90?), Qual a droga de primeira escolha e quais os objetivos
  numéricos da terapêutica.
  Sabe-se que 25% da população com idade superior a 18 anos tem
  PAD>90mmHg e que se os valores para tratamento fossem diminuídos haveria um grande
  número adicionais de pacientes a serem tratados.
  Foi mostrado trabalho que a maioria dos indivíduos que tiveram AVE
  possuiam PAD de 86mmHg. A diminuição de 3mmHg na PAD mostrou uma diminuição em torno
  de 22-29% na taxa de AVE.
  Foi falado sobre os estudos clínicos, mostrando que atualmente cerca
  de 105000 pacientes estão nestes estudos e que a maioria são hipertensos de alto risco,
  ie, com grande chance de complicação a curto prazo e eles procuram mostrar que a terapia
  anti-hipertensiva em alto risco é efetiva.
  Foi comentado sobre o grande aumento no número de fármacos que
  existem a disposição, mais de 80 para o tratamento anti-hipertensivo.
  Citou as indicações e contra-indicações especiais do VI joint.
  Alguns aspectos do HOT study foi discutido. Foi visto que a PAD que
  mostrou menor taxa de eventos foi de 83mmHg, mostrando uma redução adicional de 30% nas
  complicações. Foi visto a observância ao tratamento. No início do estudo havia 59% dos
  pacientes em monoterapia e no final do estudo apenas 32% mantinham-se com apenas 1
  fármaco. Foi visto que os menores níveis diastólicos estavam nos pacientes que estavam
  sob terapia combinada. 
  Por fim citou o estudo UKPDS, mostrando que o controle efetivo da PA
  teve maior impacto que o controle da glicemia.