Fibrilação atrial no idoso
A fibrilação atrial (FA) é uma das arritmias mais
freqüentes nos pacientes idosos e, segundo o Estudo de Framingham, sua
incidência foi de 0,2/1.000 pacientes entre 30 e 39 anos de idade e de 39/1000
pacientes entre 80 e 89 anos. O "Cardiovascular Health Study", também
utilizando-se de monitorização ambulatorial de 5.200 indivíduos com mais de
65 anos de idade, demonstrou fibrilação atrial em 4,8% das mulheres e em 6,2%
dos homens. E da mesma forma este estudo demonstrou que a fibrilação atrial
foi mais comum entre os idosos com doença cardíaca manifesta (9,1%) do que
aqueles em que a doença cardíaca não era aparente (4,6%), ou sem doença
cardíaca (1,6%). Os preditores independentes de fibrilação atrial no idoso
foram: insuficiência cardíaca congestiva, valvulopatia, acidente vascular
cerebral, aumento átrio esquerdo, disfunção mitral e aórtica e hipertensão
sistêmica tardia.
E classificada em paroxística (autolimitada, reversão em
70% dos casos em 48h), persistente (não reverte até o 7º dia, necessitando de
cardioversão para restaurar ritmos sinusal) e a permanente ou crônica, quando
não é possível restaurar o ritmo sinusal, após cardioversão química ou
elétrica.
A conduta tomada frente a um paciente com FA depende de
vários fatores, dois como a doença subjacente, a duração e a freqüência
dos episódios de fibrilação atrial, a freqüência ventrilcular, intensidade
dos sintomas e grau de comprometimento hemodinâmico.
A cardioversão elétrica é recomendada sempre que a FA se
acompanhar de hipotensão, angina ou insuficiência ventricular esquerda, com
edema agudo de pulmão, bem como em casos de síndrome de wolff-Parkinson –white
com alta resposta ventricular. Caso for assintomático, especialmente se
suspeitamos de FA crônica e boa freqüênica ventricular, podem não necessitar
de qualquer terapia dirigida a restauração do ritmo sinusal, tanto elétrica
como química, podendo ser apenas considerados candidatos à anticoagulação.
Já em casos de paroxísmos muito freqüentes e autolimitados, pode-se promover
apenas o controle da freqüência ventrilcular para alívio sintomático, já
que a reversão é esperada dentro de algumas horas.
Com relação a anticoagulação recomenda-se em pacientes
com FA de duração desconhecida ou superior a 48 horas, 3 semanas antes e 4
semanas após a cardioversão. Uma aternativa é o eco transesofágico para
determinar a presença de trombo, se ausente, receber heparina endovenosa,
cardioversão e anticoagulação por 4 semanas.
Nos pacientes com FA crônica com doença valvar, passado de
acidente cerebrovascular e ataque isquêmico transitório, insuficiência
cardíaca congestiva com fração de ejeção < 25%, hipertensão
arterial sistêmica, idade superior a 75 anos são considerados candidatos a
anticoagulação com com Worfarin, os demais pacientes são considerados de
baixo risco para acidente vascular cerebral, considera-se então a
anticoagulação somente com aspirina. Pacientes com diabete melito considerar
aspirina ou Warfarin.
A discussão sobre FA e sua abordagem, novas drogas
antiarrítmias e sua prescrição, foi tratada na "mesa redonda" na
sala 3, terça-feira.
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