ECG da semana
Menina, 07 anos. Palpitações episódicas.
Discussão - Comissão
de Eletrocardiografia
Dra. Bruna Madaloso / Dr. Horacio Gomes P. Filho
e-mail:
ecg_semana@hotmail.com
IDENTIFICAÇÃO: Menina, 7 anos. Palpitações ,dispnéia e cansaço aos esforços, mantendo episódios recorrentes.
HD: Paciente vem apresentando há cerca de 3 meses vários episódios de palpitação,com sensação de aceleramento, acompanhada de palidez e sudorese, com duração variada de minutos a dias. Pais referem que estes sintomas tem duração de até 3 dias. Em um dos episódios a paciente foi atendida em um posto de saúde tendo realizado ECG (16/09/16) com laudo de “taquicardia atrial”. Paciente limitada, sem realização de atividade física. Faz uso de propranolol 30 mg/3x dia. Já teve internações prévias com queixa de dispnéia, sendo diagnosticada insuficiência cardíaca descompensada com taquicardia atrial associada. Na internação fez uso de amiodarona com melhora do quadro. Como mantendo internações recorrentes com a mesma clínica, retornado uso de amiodarona e programado ablação.
EXAMES COMPLEMENTARES:
Holter -Em uso de medicação (amiodarona) - FC média de 95, variando de 61 à 126 bpm, extrassístoles supraventriculares freqüentes, isoladas em pares e episódios de taquicardia atrial não sustentada e sustentada. Sem bradicardias ou pausas significativas.
Ecocardiograma- Aorta 15 mm. AE 19 mm. VE 30/20 mm. FEVE 63%
Insuficiência tricúspide de grau moderado (podendo estar superestimada pela presença de arritmia). PSVD estimada em 25mmHg (considerando PAD : 5mmHg). Insuficiência mitral discreta. Insuficiência pulmonar mínima. Função sistólica biventricular preservada.
DESCRIÇÃO DO ELETROCARDIOGRAMA:
Taquicardia de QRS estreito com BAV variável.
DISCUSSÃO
A taquicardia ectópica juncional (JET) é um tipo raro de taquicardia supraventricular, com possível origem mendeliana, mas sem comprovação gênica até o momento; sendo primária, de origem congênita ou transitória, em pós-cirúrgicos de cardiopatias congênitas.
Sua apresentação clínica freqüentemente está associada a sinais de cardiomegalia e insuficiência cardíaca com alto índice de mortalidade (34%).
Mesmo com apresentação clínica mais exuberante nas primeiras quatro semanas de vida, os sintomas encontram-se relacionados, com maior intensidade, à freqüência ventricular no momento da apresentação e não à disfunção sistólica do ventrículo esquerdo ou a insuficiência cardíaca congestiva.
A terapia medicamentosa é a primeira escolha no tratamento e recai no controle da freqüência cardíaca com utilização de vários fármacos como: propranolol, amiodarona, propafenona, digoxina. O maior estudo já realizado envolvendo 90 países entre Europa e América, revisou 26 pacientes tratados com amiodarona, propranolol ou digoxina, sendo que a amiodarona teve as melhores taxas de controle de freqüência ventricular, enquanto a digoxina não demonstrou ação no controle da freqüência ventricular além de não ser seguro para a JET congênita.
O mecanismo eletrofisiológico da JET é um automatismo anormal no feixe de His. A ablação permanece controversa, mas experiências recentes referem uma reprodutibilidade na ablação seletiva da junção AV sem a completa destruição do sistema de condução.
REFERÊNCIAS
SARUBBI B; VERGARA P; D`ALTO M; CALABRO R. Congenital Junctional Ectopic Tachycardia: Presentation And Outcome. Indian Pacing and Electrophysiology Journal. 2006; 3(3): 143-147.
SARUBBI B; MUSTO B; DUCCESCHI V; D’ONOFRIO A; CAVALLARO C; VECCHIONE F; MUSTO C; CALABRÒ R. Congenital junctional ectopic tachycardia in children and adolescents: a 20 year experience based study. Heart 2002; 88:188–190.
Discussão e Comentários sobre o ECG
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