Seção de Eletrocardiograma

Eletrocardiograma da Semana

ECG da semana

IDENTIFICAÇÃO:
R.S, 40 anos, masculino
História de miocardiopatia chagásica crônica

DISCUSSÃO:
As manifestações da cardiopatia chagásica crônica resultam da inflamação, das lesões celulares e da fibrose que o T.cruzi provoca direta ou indiretamente no miocárdio contrátil, no tecido especializado de condução e no sistema nervoso autônomo intra cardíaco. A diminuição progressiva da massa muscular miocárdica e a formação de extensas áreas de fibrose contribuem para o aparecimento de insuficiência cardíaca. Na fase incial podem surgir alterações discretas e inespecíficas no ECG como BAV 1º grau, baixa voltagem do QRS, bloqueio incompleto do ramo direito, achatamento e/ou retificação do segmento ST. Nas fases mais avançadas as alterações são mais complexas e apresentam maior especificidade. Embora não exista um padrão eletrocardiográfico patognomônico, as alterações mais freqüentes são distúrbios de condução intraventricular (associação de BRD e BDAS) e da condução AV (BAV 2º e 3º grau), arritmias (FA, TV, FV), áreas eletricamente inativas e alterações do segmento ST e da onda T.

ASPECTOS DO ECG E VCG:
Presença de sobrecarga de átrio esquerdo( fase negativa lenta em V1 e duração aumentada da onda P).
Achados compatíveis com área inativa anterior com ondas R que não progridem de V1 a V4. Esta observação pode não estar tão evidente no ECG devido a presença do BRD. A área inativa repercute nos primeiros 30 ms do QRS e o BRD entre 80ms e 120ms, facilitando o diagnóstico das duas situações concomitantes.
O VCG confirma os achados do ECG, pois mostra a orientação da alça do QRS, no plano horizontal, para trás e para esquerda (ausência do 1º vetor) , a qual é orientada normalmente para frente e para direita. No plano frontal a alça está para cima pelo BDAS e para direita pelo BRD.