Seção de Eletrocardiograma

Eletrocardiograma da Semana

ECG da semana

IDENTIFICAÇÃO: F.R.C.B., 79 anos, feminina, portadora de HAS, DLP e miocardiopatia dilatada de etiologia isquêmica, admitida para realização de cintilografia miocardica com estresse farmacológico em 02/2004.

DISCUSSÃO: Além da Cardiomiopatia Chagásica, a cardiopatia isquêmica apresenta-se como uma causa muito comum dos distúrbios da condução ventricular e suas associações, como também as doenças degenerativas do sistema de condução ( Lev-Lenegre). A proximidade anatômica das divisões do Ramo Esquerdo do Feixe de Hiss e suas intercomunicações propiciam que um mesmo mecanismo de agressão comprometa o processo normal de despolarização, causando atrasos e manifestando-se assim com grande diversidade no ECG. As associações destes distúrbios atualmente são responsáveis por um pior prognóstico na evolução clínica.

ECG e VCG: O ECG apresenta-se com aumento da duração do QRS (140 ms) e com desvio do eixo para a esquerda ( SâQRS entre –60 e –90 graus). Notam-se características dos seguintes distúrbios de condução: -Ondas S “empastadas” em V5-V6. Diminuição da progressão da onda R de V1 a V4. Padrão RSR’ em V1, caracterizando BRD. -Padrão rS em D2 e D3, sendo S3>S2, onda S de D3 ampla (> 15 mm) e eixo elétrico além de –30 °, caracterizando BDAS. -Presença de ondas R amplas de V1 a V3, com R de V2 (25 mm) > R de V3( 20mm), caracterizando BDAM. O Vetorcardiograma final é a reprodução destes distúrbios, gerando no plano horizontal uma alça arrendondada, lenta em sua porção inicial , orientada para a frente e com rotação horária ( BDAM); No plano frontal a alça voltada para cima e para a esquerda, com rotação anti-horária (BDAS). O atraso final da condução orienta-se para direita, para a frente e para cima, característica do BRD.